Elon Musk fecha acordo para comprar Twitter por US$ 44 bi
25 de abril de 2022O conselho de administração do Twitter aprovou nesta segunda-feira (25/04) a oferta pública de compra da empresa feita pelo bilionário Elon Musk, homem mais rico do mundo e fundador da Tesla e da SpaceX.
Por um preço de 44 bilhões de dólares (R$ 215 bilhões), Musk assumirá a empresa integralmente e fechará o seu capital. O Twitter é uma empresa aberta, com ações negociadas em bolsa, desde 2013.
Segundo o acordo, os acionistas receberão 54,20 dólares por ação. O valor representa um ágio de 38% sobre o preço das ações do Twitter em 1º de abril, pouco antes de Musk anunciar que havia comprado 9% das ações da empresa. Espera-se que o negócio seja concluído neste ano.
"A liberdade de expressão é a base de uma democracia funcional, e o Twitter é a praça digital da cidade onde são debatidos assuntos vitais para o futuro da humanidade", afirmou Musk em uma declaração conjunta com o Twitter. "Também quero tornar o Twitter melhor do que nunca, melhorando o produto com novos recursos, abrindo o código fonte dos algoritmos para aumentar a confiança, derrotando os robôs de spam e autenticando todos os seres humanos."
O presidente executivo do Twitter, Parag Agrawal, afirmou em um post na plataforma: "O Twitter tem um propósito e uma relevância que impacta o mundo inteiro. Profundamente orgulhoso de nossas equipes e inspirado pelo trabalho que nunca foi tão importante."
Representantes do Twitter e de Musk trabalharam até a noite de domingo para finalizar o negócio. A venda representa uma mudança dramática no rumo das negociações, depois de a diretoria do Twitter ter adotado inicialmente a chamada "pílula venenosa", uma estratégia de defesa contra uma oferta de compra hostil que permite aos acionistas existentes comprar novas ações com desconto e, assim, diluir a participação do novo acionista.
Liberdade de expressão
Musk afirma que comprou o Twitter para liberar seu potencial de liberdade de expressão. Ele diz que o Twitter "precisa ser transformado em uma empresa de capital fechado" para construir a confiança com os usuários.
Suas mudanças propostas para a empresa incluem a flexibilização de restrições de conteúdo e o bloqueio de contas falsas e automatizadas. Em um post no Twitter, pouco antes do negócio ser anunciado, Musk disse que esperava que seus "piores críticos" seguissem na plataforma. A mensagem foi retuitada pelo presidente Jair Bolsonaro e por seu filho Eduardo Bolsonaro.
Musk já se definiu como um "absolutista da liberdade de expressão" e é conhecido por bloquear e atacar seus opositores no Twitter. Ele tem 83 milhões de seguidores na plataforma.
Críticos da compra do Twitter por Musk receiam que o empresário acabe com esforços que vinham sendo implementados para combater a desinformação e a propagação de notícias falsas com o objetivo de melhorar a qualidade do debate público, e torne a plataforma uma terra sem lei. Sob essa perspectiva, a retirada de qualquer controle sobre o que pode ser publicado e ter grande alcance seria prejudicial ao próprio debate público que Musk diz prezar, ao favorecer a propagação de discurso de ódio e de desinformação.
Pablo Ortellado, professor do curso de gestão de políticas públicas da EACH-USP e especialista em monitoramento do debate político no meio digital, afirmou no Twitter que a redução da moderação na plataforma deve tornar o ambiente "ainda mais agressivo e poluído", mas elogiou a promessa de Musk que dar transparência ao algoritmo do Twitter.
Em fevereiro, o Twitter fechou um acordo com o Tribunal Superior Eleitoral brasileiro para combater a disseminação de desinformação durante a campanha eleitoral deste ano. Em outras eleições e durante a pandemia, o Twitter adotou como estratégia a colocação de alertas em posts com desinformação e o bloqueio de usuários e remoção de conteúdos que feriam as políticas de uso.
O Ministério Público Federal brasileiro avalia pedir informações ao Twitter se a aquisição afetará as políticas de combate à desinformação na plataforma.
O Partido Republicano dos Estados Unidos havia visto a potencial aquisição por Musk com bons olhos, depois de o ex-presidente Donald Trump ter sido bloqueado pela plataforma em janeiro de 2021, após a invasão do Capitólio por seus apoiadores. No entanto, Trump disse à emissora Fox News que não tinha intenção de voltar à plataforma, e que em vez disso usaria sua própria rede social, a Truth Social.
bl (AFP, AP, Reuters, ots)