Alemães temem dumping de orgânicos
1 de dezembro de 2004O consumo de orgânicos cresce na Alemanha. Também aumenta o número de lojas que comercializam apenas estes produtos, que já têm lugar cativo até nas prateleiras dos supermercados mais baratos. Em decorrência disso, a área de cultivo da agricultura orgânica foi ampliada em mais de 5% no ano passado.
O medo que a síndrome da vaca louca e a peste suína provocaram na população proporcionou aos agricultores uma elevação significativa de faturamento nos últimos anos. No entanto, o surto parece ter passado e o setor se encontra em crise.
Alta produção, preços baixos
Para Markus Rippin, funcionário de uma central de registro de preços para produtos agrícolas, a razão é evidente: "Os agricultores de orgânicos na Alemanha aumentaram sua área de cultivo nos últimos anos, passaram a produzir mais e agora devem contar com a queda de preços e de faturamento".
Segundo a previsão dos especialistas, a tendência é de que o consumo de orgânicos aumente, mas estatísticas mostram que isso não traz necessariamente vantagem para os agricultores locais. É que os produtos estrangeiros conquistam cada vez mais espaço no mercado alemão.
Rippin explica que os custos de produção de orgânicos no exterior são geralmente mais baixos, reduzindo assim o preço dos produtos estrangeiros no mercado alemão. Além disso, os produtos locais vêm perdendo certos segmentos do mercado.
Normas européias menos rígidas
Outro grande problema é o descompasso entre as exigências impostas à agricultura orgânica na Alemanha e na União Européia. Para poder adotar o selo de qualidade europeu, o agricultor não precisa cultivar apenas produtos orgânicos em sua fazenda. As normas da UE também permitem, por exemplo, que os animais sejam alimentados de forma convencional. Quem quiser ter o selo de qualidade alemã, no entanto, é obrigado a alimentar os animais apenas com orgânicos.
Para o agricultor alemão Helgo Schmidt, que este ano voltou a aumentar sua área de cultivo, a solução não é baixar as normas de qualidade para o nível europeu, mas sim conscientizar o consumidor de que vale a pena gastar mais pela qualidade. Uma questão de marketing, portanto.
Helgo Schmidt, que vende seus produtos diretamente ao consumidor através de um serviço de entrega, ainda tem uma certa influência sobre seus compradores. Agricultores dependentes das vias usuais de comercialização têm que contar, por sua vez, com uma tendência pouco animadora. Mesmo os exigentes consumidores de produtos orgânicos preferem ficar de olho nas ofertas e nos descontos.