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Migrantes

18 de setembro de 2009

Na Alemanha, vivem hoje mais de 15 milhões de pessoas com origem migratória. Muitas delas têm a cidadania do país, embora sejam com frequência chamadas oficialmente de "concidadãos estrangeiros".

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Migrantes e seus filhos: eternamente estrangeiros?Foto: picture-alliance / dpa

Essa nomenclatura, diz Marlis Bredehorst, encarregada de questões relacionadas a migrantes na prefeitura da cidade de Colônia, "soa para mim como se alguém não pertencesse ao todo, sempre associo àquele que pode tomar junto uma refeição, mas não faz parte da família. Isso caracteriza, de fato, uma postura: a de que há 'nós' e 'os outros'".

Bredehorst pergunta o que define esse "nós" e o que o separa dos "outros": questões imanentes à ideia de "concidadão estrangeiro". Para Lina Hüffelmann, do Conselho de Refugiados de Colônia, é difícil para um "concidadão" se tornar um dia um cidadão normal.

Isso porque "se trata de um concidadão estrangeiro, isso é mencionado acima de tudo. E significa que não se trata de alguém 'normal', como todos os outros, mas sim de um concidadão especial, o que é sempre realçado. Esse estado é geralmente atrelado à nacionalidade da pessoa ou, de qualquer forma, à categoria especial", observa Hüffelmann.

Dicotomia inevitável

A situação é complexa. Claro é que há pessoas que migraram para a Alemanha, vindas de países distantes. A questão é saber se, no dia-a-dia, é legítimo continuar perguntando a essas pessoas sobre suas histórias de migração. Os próprios "concidadãos estrangeiros" hesitam tanto quanto os antigos habitantes do país frente a essa pergunta, acredita Bredehorst.

"Lembro da história dos negros nos EUA, que sempre dizem 'não me observe, porque sou negro'. E, num segundo momento, dizem 'mas me observe, porque sou negro', pois sou discriminado por isso. Acredito que ainda vamos viver muito tempo com essa dicotomia, até chegarmos a uma sociedade alemã na qual a diversidade terá se tornado normal", diz Bredehorst.

Mudanças idiomáticas

A Alemanha, hoje, é um país de população diversa. Uma sociedade civil múltipla, no entanto, ainda não foi formada, enquanto persiste uma sociedade composta em parte por "concidadãos". Ou seja, este não é um conceito inocente, diz Hüffelmann, mas sim uma nomenclatura que reflete as relações de poder dentro do país.

"A questão é que esse conceito é utilizado e foi criado pela maioria da sociedade e não pelos migrantes ou pessoas de origem migratória, não importa que palavras sejam usadas para caracterizar esse grupo. Primeiro eles eram chamados de 'estrangeiros', depois de 'forasteiros', então de 'migrantes', 'pessoas de origem migratória', 'pessoas com história de migração'. Há sempre tentativas de modificar idiomaticamente esse conceito, mas o que se esconde por trás disso ainda é a divisão entre 'nós' e 'eles'", analisa Hüffelmann.

Autor: Kersten Knipp (sv)

Revisão: Roselaine Wandscheer