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Gripe suína

18 de outubro de 2009

Membros do governo alemão e funcionários públicos terão acesso a uma vacina sem aditivos contra o vírus H1N1, diferente da que será ministrada à população. Associações de médicos criticam.

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Vacinas serão ministradas gratuitamente a cerca de 25 milhões de pessoasFoto: AP

A chanceler federal alemã, Angela Merkel, os demais membros do governo alemão e funcionários dos ministérios vão receber uma vacina contra a chamada gripe suína diferente da que será ministrada ao restante da população, confirmou um porta-voz do poder executivo.

Trata-se de uma vacina dos laboratórios norte-americanos Baxter, sem aditivos, que foi também encomendada pelo Exército para ser facultada aos soldados em missão no exterior. "Compramos 200 mil vacinas Celvapan da firma Baxter", disse neste domingo (18/10) um porta-voz do Ministério do Interior, confirmando uma notícia do semanário Der Spiegel.

A vacina destinada à população – exceto às grávidas, que terão outra – é do laboratório GlaxoSmithKline e, ao contrário do produto da Baxter, possui aditivos que, segundo alguns médicos, podem provocar efeitos colaterais, sobretudo alergias, irritações da pele e dores musculares.

Cedendo à pressão da indústria farmacêutica?

Segundo o Der Spiegel, entre os funcionários públicos que, de acordo com o plano de combate à pandemia, são responsáveis por manter a ordem pública e têm prioridade na campanha de vacinação, estão os especialistas do Instituto Paul Ehrlich, laboratório de referência para o combate à pandemia, que defenderam a sua decisão de compra da vacina da GlaxoSmithKline, mas serão vacinados com a da Baxter.

O presidente da Comissão de Medicamentos dos Médicos Alemães, Wolf-Dieter Ludwig, considerou a situação "um escândalo" e acusou as autoridades sanitárias de terem cedido a pressões da indústria farmacêutica, "que só quis ganhar dinheiro com uma suposta ameaça".

Também as associações de clínicos gerais e pediatras criticaram as opções do Ministério da Saúde no combate à gripe H1N1. Michael Kochen, presidente da Associação de Médicos de Clínica Geral, recomendou a seus colegas que renunciem a vacinar as pessoas, "pois o risco de danos é superior aos benefícios".

Maior risco para crianças

Por sua vez, o presidente da Associação Alemã de Pediatras, Wolfram Hartmann, acusou o governo federal de "fazer premeditadamente falsas afirmações", alegando que a vacina encomendada pelo governo "ainda não foi testada nem em grávidas nem em crianças menores de 3 anos, e por isso o risco de aplicá-la é muito grande".

O médico explicou que crianças têm um sistema imunológico com maior tendência a alergias, "e são precisamente essas alergias que podem ser provocadas pelos aditivos da vacina".

Numa sondagem divulgada na sexta-feira pela emissora de televisão pública alemã ARD, 57% dos alemães declararam que não pretendem vacinar-se contra a gripe H1N1, sendo que só 31% admitiram a hipótese.

Até agora foram registradas na Alemanha cerca de 23 mil infecções com o vírus H1N1, que resultaram em duas mortes, uma mulher de 36 anos e um menino de 5.

O Ministério da Saúde alemão encomendou 50 milhões de doses de vacinas, que serão ministradas gratuitamente a cerca de 25 milhões de pessoas, em duas doses, numa campanha que terá início em 26 de outubro.

RR/lusa/dpa

Revisão: Alexandre Schossler