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Alemanha supera 10 mil casos diários de covid-19 pela 1ª vez

22 de outubro de 2020

País contabiliza 11.287 infecções pelo coronavírus em 24 horas. Segundo autoridades, maior fonte de infecção são encontros privados. Contágios em transporte público, hotéis e escolas são raros.

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Placa em um posto informa a exigência do uso de máscara na rua
Aviso em Hamburgo: várias cidades alemãs impuseram uso de máscara obrigatório nas ruasFoto: Markus Scholz/dpa/picture-alliance

O número de novos casos diários de covid-19 na Alemanha subiu drasticamente e ultrapassou a marca de 10 mil pela primeira vez desde o começo da pandemia. O Instituto Robert Koch (RKI), agência governamental para o controle e prevenção de doenças infecciosas, informou nesta quinta-feira (22/10) que foram registrados 11.287 casos em 24 horas.

O recorde anterior havia sido no sábado passado, com 7.830 novas infecções. No total, foram registrados três vezes mais casos nos últimos sete dias do que há duas semanas.

Exatamente há uma semana, a Alemanha registrou pela primeira vez mais casos diários do que na primaveraeuropeia, auge da pandemia no continente. No entanto, as autoridades ressaltam que os números atuais são apenas parcialmente comparáveis aos do começo do ano, porque, agora, são realizados significativamente mais testes e, portanto, mais infecções são descobertas.

Desde o início de setembro, o número de testes oscilou entre 1,1 e 1,2 milhão por semana. No entanto, a taxa de resultados positivos subiu de 0,75% para 3,63%. Há duas semanas, os laboratórios enfrentam um aumento na demanda por testes. Alguns apontaram problemas de entrega de materiais de trabalho.

Contenção, proteção e mitigação

O presidente do RKI, Lothar Wieler, classificou a situação na Alemanha como "muito séria". Em coletiva de imprensa em Berlim, ele disse que agora é possível que o coronavírus se espalhe de "forma descontrolada" em algumas regiões.

Wieler afirmou que o combate ao coronavírus na Alemanha atualmente se concentra em três pilares: contenção, proteção e mitigação, e que não vê motivos para mudar essa estratégia.

"Não somos impotentes", disse, referindo-se ao comportamento de todos os cidadãos. "No momento, ainda temos uma chance de desacelerar a disseminação do vírus", completou.

Wieler destacou que, em comparação com a primeira onda da pandemia, a disseminação do coronavírus em residências está aumentando significativamente. O motivo é que as pessoas são infectadas, principalmente, durante encontros privados. Por outro lado, segundo ele, os contágios em transportes públicos locais, hotéis e escolas são raros.

Apesar do maior número de infecções do que no começo da pandemia, Wieler explicou que, no momento, os jovens são os mais afetados, o que, em geral, implica em casos menos graves de covid-19. No entanto, a proporção de pessoas mais velhas com coronavírus também está aumentando, e o número de pacientes com covid-19 em hospitais está crescendo.

Atualmente, 943 pessoas com covid-19 estão internadas em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) - o dobro de duas semanas atrás.

Para desacelerar a propagação do vírus, Wieler apelou aos cidadãos que cumpram as regras. Isso inclui seguir as normas de higiene mesmo em lugares abertos, respeitar o distanciamento social, ventilar espaços internos e usar máscaras.

O presidente do RKI também explicou que houve mais mortes na primavera porque a Alemanha, de certa forma, foi pega de surpresa pela velocidade de propagação do coronavírus. Além disso, as medidas de proteção de grupos de risco, como idosos e doentes crônicos, ainda não eram tão eficientes. Segundo ele, hoje em dia, lares de idosos e hospitais estão mais protegidos.

Números refletem propagação de dias atrás

De acordo com especialistas, as infecções recentemente relatadas são uma indicação de quão forte o vírus era na sociedade há cerca de uma semana, devido ao tempo entre a infecção, o teste, o resultado e a notificação. Por essa razão, deve demorar algum tempo até que as novas medidas de contenção da disseminação do vírus possam se refletir nos números.

Recentemente, o RKI informou que um terço de todos os distritos e cidades registrados estavam acima do limite de 50 novas infecções por 100 mil habitantes por semana, razão pela qual medidas de proteção mais rígidas entraram em vigor em muitos lugares. Em cerca de 30 distritos e cidades, o número era superior a 100 infecções por 100 mil habitantes em sete dias.

Lothar Wieler, presidente do RKI
Lothar Wieler, presidente do RKI, classificou a situação na Alemanha de "muito séria"Foto: Markus Schreiber/AFP/Getty Images

Segundo o RKI, desde o começo da pandemia, a Alemanha registou ao menos 392.049 casos de coronavírus e 9.905 mortes - e mais de 306 mil pacientes já estão recuperados.

Na quarta-feira, o ministro da Saúde da Alemanha, Jens Spahn, testou positivo para o novo coronavírus. Ele entrou imediatamente em quarentena em sua residência após receber o resultado.

Spahn, de 40 anos, uma das figuras mais célebres na luta contra a covid-19 na Alemanha, apresentou apenas sintomas semelhantes aos de um resfriado, afirmou o porta-voz do governo, acrescentando que todas as pessoas com quem ele teve contato nos últimos dias estão sendo informadas. Spahn é o primeiro ministro da chanceler federal, Angela Merkel, a testar positivo para a covid-19.

Segunda onda na Europa

A Europa vive uma segunda onda de covid-19, com vários países registrando recordes diários de infecções na última semana, o que motivou o endurecimento das regras de restrição.  

A Espanha chegou a 1 milhão de casos de covid-19 nesta quarta-feira e se tornou o primeiro país da Europa Ocidental a atingir a marca. Na capital Madri, no entanto - apesar dos números ainda elevados -, o bloqueio de duas semanas ordenado pelo governo central termina nesta sexta-feira.

Na República Tcheca, quase todas as lojas fecharão a partir desta quinta-feira, com exceção de supermercados e farmácias. De acordo com o Centro Europeu para Prevenção e Controle de Doenças (ECDC), o país teve recentemente a maior taxa de infecção da Europa em 14 dias.

A Irlanda começa um novo lockdown nesta quinta-feira. Por seis semanas, comércios e serviços não essenciais ficarão fechados. Esportes individuais e passeios ao ar livre serão permitidos apenas em um raio de cinco quilômetros das residências. No entanto, as escolas continuarão abertas.

Na Itália, um toque de recolher noturno de 30 dias entra em vigor nesta sexta-feira na região do Lácio, onde fica a capital Roma. As pessoas só poderão deixar suas casas por motivos essenciais, como trabalho ou doença. Nos últimos dias, a medida já havia sido decidida para as regiões da Lombardia e da Campânia.

Na Bélgica, cafés e restaurantes estão fechados desde segunda-feira. A medida deve durar quatro semanas. Além disso, o país terá toque de recolher entre a meia-noite e às 5h e proibição de vendas de bebidas alcoólicas a partir das 20h.

O País de Gales, parte do Reino Unido, começa nesta sexta-feira um lockdown de duas semanas. Lojas consideradas não essenciais terão de fechar. O primeiro-ministro, Mark Drakeford afirmou que foi uma decisão "difícil" e anunciou uma linha orçamentária de 300 milhões de libras (o equivalente a mais de R$ 2,19 bilhões) para compensar as perdas.

LE/afp/rtr/dpa/ots