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Alemanha quer relações estáveis com a Rússia

Ingo Mannteufel (gh)15 de janeiro de 2006

Chanceler federal alemã faz sua primeira visita a Moscou. Relações entre Alemanha e Rússia oscilam entre "parceria estratégica" e "amizade", escreve analista da DW-WORLD.

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Putin e Merkel, numa colagem fotográficaFoto: dpa/AP Combo

O primeiro encontro da chancelar federal alemã Angela Merkel (CDU) com o presidente russo Wladimir Putin, nesta segunda-feira (16/01), em Moscou, gera expectativas. Isso porque seu antecessor, Gerhard Schröder, não só era considerado um importante defensor da Rússia como cultivava uma amizade pessoal com Putin, cuja polêmica política interna evitou criticar. Schröder fora criticado por isso, pela CDU e CSU, quando as duas legendas ainda estavam na oposição. Antes das eleições parlamentares alemãs de 18 de setembro de 2005, temia-se na Rússia uma piora das relações em caso de vitória de Merkel.

O que se espera de Merkel?

Messe Hannover Bundeskanzler Gerhard Schroeder, links, laeuft am Sonntag, 10. April 2005, hinter dem russischen Praesidenten Wladimir Putin
Schroeder e Putin: 'amigos'Foto: AP

Tudo indica, porém, que as relações teuto-russas pouco vão mudar sob Merkel. Certamente, mudará o estilo de "camaradagem", cultivado por Schröder e Putin, embora Merkel – pelo simples fato de dominar o idioma russo – esteja em condições de dar sua impressão digital aos encontros com o presidente russo.

Em recente entrevista ao semanário Der Spiegel, Merkel deixou claro que pretende dar continuidade à parceria estratégica com a Rússia. Mas ela evita descrever a relação teuto-russa com a palavra "amizade" enquanto não houver um consenso de valores na definição comum de democracia.

Por trás dessa diferenciação entre "parceria estratégica" e "amizade" está o objetivo de Merkel de estabilizar as relações com a Rússia. Ela não pretende arriscar um retrocesso nas relações com Moscou. A Rússia tem importância fundamental em questões como o programa nuclear do Irã ou da segurança energética européia, como mostrou a recente crise do gás. Sem contar que o mercado russo continua sendo um ímã para empresas alemãs. Por isso, a ampliação da cooperação econômica será um assunto importante das conversações entre Merkel e Putin.

Ao mesmo tempo, Merkel sabe que assuntos como a guerra na Chechênia, as tendências autoritárias da política russa, o déficit jurídico no caso Chodorkowski, a devolução de obras de arte e o apoio russo ao programa nuclear do Irã continuarão sendo controversos nas relações teuto-russas.

Isso tem a ver também com a liderança russa que, devido ao seu estilo político, aos cofres públicos recheados e à boa conjuntura econômica, não se deixa impressionar por críticas vindas de fora. Através de gestos simbólicos, como o planejado encontro com críticos do Kremlin, Merkel pretende abordar também aspectos isolados da evolução política na Rússia. Mas não é de se esperar uma crítica pública demasiado dura, que possa abalar as bases das relações teuto-russas.

Como reage Putin?

O presidente russo é um político pragmático. Uma política alemã para a Rússia que, em termos semânticos, faz diferença entre "parceria estratégica" e "amizade", pode não entusiasmá-lo, mas o satisfaz. Longe da semântica, a disposição alemã à parceria estratégica vai ao encontro da estratégia política de Putin, de integrar a Rússia na economia mundial como potência energética. A estreita parceria com a Alemanha já o ajudou muito nesse sentido. Afinal, a Rússia detém, em 2006, a presidência do G-8.