"Alemanha enfrenta terceira onda de covid-19", diz Merkel
23 de fevereiro de 2021A chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, afirmou nesta terça-feira (23/02) que o país enfrenta neste momento "a terceira onda" da pandemia da covid-19. A declaração foi feita durante uma reunião virtual do grupo parlamentar composto pela União Democrata Cristã (CDU) e pelo partido aliado União Social Cristã (CSU).
Apesar de alertar para o risco das novas mutações, ela apresentou as linhas gerais de um plano para uma reabertura gradual e cautelosa das atividades sociais e do comércio. "Não podemos permitir altos e baixos agora", disse Merkel, citando o risco de que as vacinas não funcionem como previsto diante da variante da África do Sul. Suas falas foram relatadas por fontes que estavam na reunião à Reuters e à emissora alemã RTL, e confirmadas pela agência de notícias DPA.
No encontro, Merkel apresentou um plano para a reabertura estruturado em três eixos: contatos pessoais, estabelecimentos de ensino e atividades econômicas. Na área econômica, segundo relatos, a chanceler defendeu que as lojas reabram primeiro, depois os restaurantes e, por último, os hotéis.
Segundo a chanceler, as etapas de reabertura devem ser aplicadas quando houver segurança de que os estabelecimentos não serão fechados novamente, para evitar o efeito ioiô. Ela disse também que os novos testes rápidos e testes que podem ser feitos em casa contribuem para uma melhor calibragem desse processo.
A Alemanha "ainda está em uma situação difícil e deve agir com cautela, mas agora temos meios de enfrentar a pandemia", afirmou Merkel. Ela disse que o plano será aprimorado até a próxima reunião com os governadores, em 3 de março, quando se buscará um acordo sobre o tema.
Alta nas infecções
A principal variável que orienta as medidas de reabertura na Alemanha é o número de novas infecções a cada 100 mil habitantes, na média móvel de sete dias. A meta do governo é autorizar a reabertura gradual das atividades quando esse número estiver abaixo de 35.
Nesta terça-feira, esse número era de 62, em tendência de alta após ter chegado a 59 na sexta-feira (19/02), revertendo uma lenta trajetória de queda que durou várias semanas. Há grande variação entre os estados: enquanto na Turíngia o número está em 124, em Baden-Württemberg é de 46.
O número de mortes diárias está em trajetória queda desde meados de janeiro e, nesta terça, era de 388, segundo a média móvel de sete dias. A Alemanha vacinou com pelo menos uma dose 4,07% de sua população até o momento.
Reabertura em fases
O objetivo do plano do governo é evitar episódios de alta exponencial do número de infecções até o verão, quando o efeito da vacinação sobre o número de novas infecções deverá ser mais evidente.
Segundo o site "Business Insider", fontes da CDU disseram que a estratégia do governo prevê quatro estágios de reabertura, de acordo com o número de novas infecções por 100 mil habitantes, na média móvel de sete dias.
Enquanto esse número estiver acima de 50, apenas seriam permitidos aulas online e contatos sociais entre pessoas da mesma família. De 35 a 50, escolas poderiam reabrir e contatos pessoais com até 10 pessoas em ambientes fechados seriam permitidos, além da reabertura de espaços culturais e lojas com o limite de uma pessoa por 20 metro quadrado.
De 35 a 10, seria permitida a reabertura de todas as áreas comerciais, incluindo restaurantes, com medidas sanitárias, e encontros de até 50 pessoas em ambientes fechados. Abaixo de 10, seriam permitidos encontros em ambientes fechados com até 100 pessoas. Sempre que o número superar 35, porém, novos fechamentos podem ocorrer, e o uso de máscaras e as recomendações de distanciamento social e higiene frequente das mãos seguem em vigor.
Escolas abertas
Nesta segunda-feira (22/02), dez dos 16 estados da Alemanha retomaram as aulas do ensino fundamental e reabriram creches, após quase dois meses da paralisação dessas atividades, se somando a outros dois estados que já haviam feito o mesmo.
A decisão fora tomada na semana passada, em reunião entre a chanceler e os governadores dos estados alemães, quando o país registrava uma leve queda contínua nas taxas de infecção. Apesar de os números de novas infecções estarem acima de 35 para cada 100 mil habitantes, os governadores expressaram a preocupação de que o fechamento contínuo iria comprometer o desenvolvimento educacional e prejudicar a saúde mental das crianças.
No momento, em apenas quatro estados as escolas permanecem fechadas: Bremen, Hamburgo, Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental e Saxônia-Anhalt. A Alemanha também discute antecipar a vacinação para professores e funcionários de escolas e creches.
bl/cn (Reuters, ots)