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Alemanha e Reino Unido assumem liderança ecológica

(rr)5 de novembro de 2004

Em conferência climática na capital alemã, Londres e Berlim elaboraram recomendações que servirão de base para a presidência britânica da UE e do G-8 em 2005. A meta é convencer os EUA a ratificar o Protocolo de Kyoto.

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Klaus Töpfer, da ONU, presidiu a conferênciaFoto: AP

Em sua passagem pela capital alemã, a rainha Elizabeth II aproveitou para inaugurar a Conferência Climática Teuto-Britânica, que reuniu 180 cientistas e políticos dos dois países na embaixada do Reino Unido em Berlim. Os especialistas elaboraram uma série de recomendações, que servirão de base ao premiê britânico Tony Blair quando Londres assumir, em 2005, a presidência da União Européia e do G-8, o grupo dos países mais industrializados do mundo.

Londres e Berlim contam principalmente com a liderança do G-8 para convencer os Estados Unidos e a Austrália a ratificar o Protocolo de Kyoto. Este prevê a redução, até 2012, da emissão de seis poluentes por 55 países industrializados até que estes atinjam os índices registrados em 1990. Blair, que participou do evento através de uma videoconferência, aproveitou para elogiar a atitude da Rússia, que ratificou nesta sexta-feira (05/11) o Protocolo. O primeiro-ministro britânico classificou o ato como um marco para a proteção ambiental.

Putin unterzeichnet Kyoto Protokol
Indústria em Moscou: Rússia tornou viável o Protocolo de KyotoFoto: AP

A participação russa era essencial para permitir que o documento entre em vigor já no começo do ano que vem, uma vez que os EUA, que possuem a maior taxa de emissão per capita do mundo, se recusam a assiná-lo, alegando conseqüências negativas para a economia. O exemplo americano foi seguido pela Austrália, também entre os maiores emissores de gás carbônico, principalmente em virtude da dependência do carvão na produção energética e das grandes distâncias.

"EUA terão que colaborar"

Mas, segundo o responsável pelo programa de meio ambiente das Nações Unidas, Klaus Töpfer, que também presidiu a conferência em Berlim, a proteção climática é antes uma chance que um ônus para a economia mundial. "Trata-se de perceber que a mudança climática é algo real e que todos, inclusive os americanos, precisamos agir."

Para Joschka Fischer, ministro alemão das Relações Exteriores, o aquecimento da Terra é "um dos desafios centrais do século 21" e uma ameaça às nações mais pobres. O ministro do Meio Ambiente, Jürgen Trittin, salientou que os Estados Unidos terão que reduzir a emissão de poluentes, mesmo que se recusem a assinar o Protocolo. "Para isso, oferecemos cooperações e parcerias", explicou o ministro.

Trittin e sua colega britânica, Margaret Beckett, pleitearam também a submissão de companhias aéreas e marítimas aos critérios de Kyoto. Segundo ele, "é absurdo que uma viagem de trem de Munique a Zurique seja relevante para o Protocolo, enquanto um vôo, que emite muito mais poluentes, não seja". Em entrevista ao jornal alemão Frankfurter Rundschau, Beckett anunciou que Londres pretende incluir o tráfego aéreo nas quotas máximas de emissão a partir de 2008.

Alemanha e Reino Unido: motores ecológicos da UE

Não é por coincidência que a Alemanha e o Reino Unido estão à frente da conferência. Segundo Töpfer, foi a partir da diminuição da emissão de dióxido de carbono nesses dois países que foi possível falar em uma redução na Europa em geral. "Está claro que Alemanha e Grã-Bretanha desempenham um papel de liderança tanto no campo científico, quanto político e tecnológico", disse. Não fosse a contribuição teuto-britânica, "a União Européia teria registrado um acréscimo de quase 10% nas emissões". Na UE, esse índice é hoje 3% inferior ao de 1990.

Segundo a ministra da Pesquisa, Edelgard Bulmahn, os dois vizinhos continuarão ampliando a cooperação científica. "Em 2002, a Grã-Bretanha registrou um índice 15% inferior ao de 1990. Na Alemanha, a diferença foi de 19%", lembrou Bulmahn. "Apesar do sucesso, ainda não podemos nos dar por satisfeitos." A Grã-Bretanha, por exemplo, pretende reduzir em 60% a emissão de poluentes até 2050 – o que só será viável após uma mudança completa de sua política energética.

Segundo a Organização para a Cooperação Econômica e Desenvolvimento (OECD), a emissão mundial de dióxido de carbono poderia aumentar mais de 30% nas próximas décadas. Com o aquecimento terrestre e o degelo glacial, sobe também o nível do mar – segundo especialistas, só neste século haverá um aumento de meio metro. E, se a temperatura continuar subindo no ritmo atual, já em meados de 2070 poderá não haver mais gelo no Pólo Norte.