Alemanha destina € 1 milhão para vítimas da Colonia Dignidad
9 de novembro de 2018A Comissão de Orçamento do Bundestag (Parlamento alemão) aprovou nesta sexta-feira (09/11) destinar 1 milhão de euros em 2019 para as vítimas da Colonia Dignidad. A colônia alemã no Chile foi palco de crimes que vão desde abusos sexuais de menores à tortura de opositores da ditadura de Augusto Pinochet.
"Os crimes horríveis na Colonia Dignidad só puderam acontecer porque a embaixada alemã no Chile, apesar dos muitos pedidos de ajuda, não interveio", afirmou o presidente da Comissão Parlamentar do Trabalho e Social, Matthias Bartke, do Partido Social-Democrata (SPD). "Essa passividade foi um dos capítulos mais obscuros da diplomacia alemã no pós-Guerra", acrescentou.
O montante aprovado será destinado a fornecer serviços de apoio de que as vítimas necessitam. De acordo com o porta-voz de direitos humanos da bancada conjunta da União Democrata Cristã (CDU) e União Social Cristã (CSU), Michael Brand, o dinheiro ficará bloqueado até ser elaborado um plano concreto para sua aplicação.
Uma comissão formada por parlamentares e representantes do governo está encarregada de elaborar esse plano. Para isso, eles se reunirão com especialistas e associações de vítimas. A proposta deve ficar pronta até meados de 2019. A verba se soma aos 800 mil euros já aprovados para a construção de um centro de encontro e memória.
A Colonia Dignidad foi estabelecida em 1961 por colonos alemães liderados pelo ex-suboficial nazista Paul Schäfer. Ele transformou o lugar, a 350 quilômetros ao sul de Santiago, numa espécie de seita, onde praticava pedofilia e onde ninguém podia entrar nem sair sem sua autorização.
Durante a ditadura militar no Chile, entre 1973 e 1990, o local foi também utilizado como centro de detenção ilegal, onde se praticou tortura e se assassinaram opositores do regime. A Colonia Dignidad também serviu como depósito de armas e foi um reduto de trabalho escravo infantil.
Entre 1961 e 2005, cerca de 300 pessoas que seguiram Schäfer foram submetidas a trabalhos forçados, castigos, manipulações mentais, além dos abusos sexuais praticados contra menores.
Em 2005, Schäfer foi detido na Argentina e extraditado para o Chile, onde foi condenado a 33 anos de prisão por homicídio, tortura e abuso sexual. Ele morreu na prisão, em 2010.
CN/efe/afp/kna/ots
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