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Alemanha torna públicos arquivos sobre Colonia Dignidad

27 de abril de 2016

Ministro do Exterior da Alemanha anuncia fim de sigilo de documentos sobre colônia alemã no Chile. Local foi palco de abusos sexuais, trabalho escravo e tortura de opositores da ditadura militar.

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Ministro alemão do Exterior, Frank-Walter Steinmeier
Ministro alemão do Exterior, Frank-Walter Steinmeier, admite falhas da diplomacia do paísFoto: picture-alliance/dpa/J.Carstensen

O ministro alemão do Exterior, Frank-Walter Steinmeier, anunciou nesta terça-feira (26/04) que arquivos secretos sobre Colonia Dignidad serão tornados públicos. A colônia alemã no Chile foi palco de crimes que vão desde abusos sexuais de menores a tortura de opositores da ditadura de Augusto Pinochet.

Num evento realizado em Berlim, com a presença de vítimas do enclave fundado pelo ex-suboficial nazista Paul Schäfer, Steinmeier disse ter "decidido adiantar a desclassifição [dos documentos] para que pesquisadores e a mídia tenham acesso às informações". Os arquivos deveriam ficar selados por mais dez anos.

Colonia Dignidad foi estabelecida em 1961 por colonos alemães liderados por Schäfer. O ex-suboficial nazista transformou o lugar, 350 quilômetros ao sul de Santiago, numa espécie de seita, onde praticava pedofilia e onde ninguém podia entrar nem sair sem sua autorização.

Durante a ditadura militar no Chile, entre 1973 e 1990, o enclave foi utilizado como centro de detenção ilegal, onde se praticou tortura e se assassinaram opositores do regime. Colonia Dignidad também serviu como depósito de armas e reduto de trabalho infantil escravizado.

Steinmeier admitiu que, na época, o governo alemão não fez o suficiente para ajudar as vítimas da comunidade chilena – hoje chamada Villa Baviera. "Esse é um capítulo obscuro da história da diplomacia alemã, e é evidente que os diplomatas alemães fizeram muito pouco para proteger as pessoas que tentavam escapar dos maus-tratos", afirmou.

Em 2005, Schäfer foi detido na Argentina e extraditado para o Chile, onde foi condenado a 33 anos de prisão por homicídio, tortura e abuso sexual. Ele morreu na prisão em 2010.

No evento em Berlim, foi exibido o filme que leva o nome da comunidade, Colonia Dignidad, de 2015. Estrelado por Emma Watson e Daniel Brühl, o longa ainda não tem previsão de estreia no Brasil.

LPF/efe/rtr/ap/afp/dpa