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Religião

Alemanha cogita criar imposto para muçulmanos

27 de dezembro de 2018

Taxa seria similar à cobrada no país de católicos e evangélicos praticantes. Defensores da ideia afirmam que medida pode tornar mesquitas independentes de financiamento por entidades estrangeiras.

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Prédio de uma mesquita em Berlim e seus dois minaretes contra o céu nublado
Mesquita em Berlim: segundo estimativa do governo, mais de 4 milhões de muçulmanos vivem na AlemanhaFoto: Getty Images/C. Koall

Integrantes da coalizão de governo alemã estão debatendo a criação de um "imposto para mesquitas” para muçulmanos na Alemanha, similar ao imposto já existente para cristãos.

Thorsten Frei, deputado do Partido Democrata Cristão (CDU), da chanceler federal alemã Angela Merkel, afirmou, em entrevista publicada nesta quarta-feira (26/12) pelo jornal Die Welt, que tal taxa seria "um importante passo", que possibilitaria que "o islã na Alemanha se emancipe de Estados estrangeiros".

Na Alemanha, tais impostos eclesiásticos são cobrados de católicos e evangélicos luteranos, sendo destinados ao financiamento das atividades das igrejas de ambas as confissões. Os impostos são coletados pelo Estado e depois transferidos para as autoridades religiosas.

Na falta de impostos similares, as mesquitas na Alemanha têm que se sustentar com doações, fazendo crescer a preocupação sobre um possível financiamento por organizações e governos estrangeiros, o que frequentemente suscita questões envolvendo a promoção de ideologias fundamentalistas.

Segundo estimativas governamentais, entre 4,4 milhões e 4,7 milhões de muçulmanos vivem na Alemanha, mas a estatística também inclui pessoas cujas famílias são muçulmanas por tradição. O número de muçulmanos praticantes provavelmente é muito menor.

Deputados do Partido Social-Democrata (SPD), outro membro da coalizão de governo, concordam que tal imposto ajudaria as comunidades muçulmanas a se tornarem mais independentes na Alemanha. "É um assunto que vale a pena discutir”, pondera Burkhard Lischka, deputado do SPD. 

Katrin Göring-Eckardt, chefe da bancada do Partido Verde no Parlamento alemão, também aprova a proposta. "Seria uma boa ideia que encontremos fontes de financiamento para comunidades muçulmanas na Alemanha, para impedir a influência prejudicial de verbas encaminhadas por motivos políticos e por pregadores radicais na Turquia", afirma.

Seyran Ates, fundadora de uma mesquita progressista em Berlim, onde homens e mulheres podem orar juntos, diz que é a favor da medida, em entrevista à DW. "O islã na Alemanha tem uma enorme influência de fora, de países estrangeiros”, justifica. 

Muitos países europeus, incluindo Áustria, Suécia e Itália usam impostos eclesiásticos para financiar instituições católicas e protestantes. Tais taxas também têm sido criticadas por serem compulsórias para fiéis praticantes e por ferirem o princípio do Estado laico, ao serem recolhidas pelo governo.

MD/afp/epd/dw

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