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Mesquitas podem ajudar a integrar refugiados na Alemanha

Andreas Gorzewski (md)7 de outubro de 2015

Templos podem ter papel importante na adaptação dos recém-chegados, de maioria muçulmana. Novos residentes também devem modificar prática do islamismo no país, marcado pela influência turca.

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Foto: picture-alliance/dpa/O. Berg

O islamismo pode se tornar mais multifacetado na Alemanha por causa dos novos residentes que chegam em grande número, vindos de países de maioria muçulmana. Até recentemente, o islamismo influenciado pelos turcos era a prática dominante, com dois terços dos estimados 4 milhões de muçulmanos na Alemanha tendo raízes turcas. O número de árabes, bósnios, albaneses e de migrantes de outros países de maioria muçulmana vinha sendo muito menor.

Mas, mês após mês, dezenas de milhares de sírios e iraquianos estão chegando à Alemanha. Autoridades responsáveis pela integração pediram que as mesquitas assumam um papel ativo na ajuda aos muçulmanos recém-chegados, e associações islâmicas na Alemanha parecem dispostas a enfrentar o desafio. Aiman ​​Mazyek, presidente do Conselho Central Muçulmano na Alemanha, disse à emissora pública ZDF que as mesquitas podem assumir um papel-chave quando se trata de integração.

A Alemanha tem atualmente cerca de 2.400 mesquitas, a maioria das quais pertence a organizações turcas. Para sunitas sírios ou iraquianos, não há problema em rezar em direção a Meca atrás de um imã turco. A linguagem da oração nas mesquitas em todo o mundo é o árabe. Os problemas começam quando se trata do sermão da sexta-feira, que é feito na língua da congregação. E ela é, principalmente, turco.

Dialetos

O árabe é falado principalmente nas mesquitas marroquinas. Abdelkader Rafoud, do Conselho Central dos Marroquinos na Alemanha, estima que existam cerca de 155 em todo o país. Ele disse à DW que refugiados recém-chegados são rápidos em encontrar a comunidade de língua árabe mais próxima.

Refugiados de língua árabe podem compreender tanto as orações como os sermões, e os homens também podem se encontrar e conversar nos salões de chá, que são uma característica de quase todas as mesquitas na Alemanha. As mulheres têm outros lugares para se encontrar.

Problemas de linguagem também podem surgir devido aos vários dialetos árabes que são falados no norte da África e no Oriente Médio. Ahmad Aweimer, porta-voz da comunidade muçulmana em Dortmund, não vê isso como um grande obstáculo, no entanto, já que, segundo ele, a maioria das pessoas pode se comunicar no árabe moderno padrão.

deutschland Tag der offenen Moschee
No começo de outubro, mesquitas alemãs abriram suas portas para visitantes não muçulmanosFoto: picture-alliance/dpa/M. Skolimowska

Ainda não dá para saber se os conflitos dos países de origem dos imigrantes podem ser transferidos para as mesquitas alemãs. Há, entre os refugiados, sunitas, xiitas, alauitas da Síria e de outras comunidades muçulmanas. Há árabes, curdos, afegãos e membros de muitas outras etnias. "E a presença deles nas mesquitas da Alemanha só agora está se tornando perceptível", ressalta o marroquino Rafoud.

Conflitos como os registrados recentemente em centros de acolhimento de refugiados são certamente possíveis de se repetir. Mas Rafoud acredita que eles não devem ocorrer nas próprias mesquitas. Ele diz que é necessário esperar para poder ver como esses novos grupos vão se misturar e interagir com a comunidade muçulmana existente. "Ainda vamos ser confrontados com as diferenças", prevê.

Aceitação por grupos turcos

Trinta anos atrás, os marroquinos não tinham ainda as suas próprias mesquitas na Alemanha, pois só havia quase que exclusivamente mesquitas turcas. "As comunidades turcas nos convidaram para entrar", lembra Rafoud. Demorou um pouco para que os muçulmanos marroquinos pudessem reunir o dinheiro necessário para estabelecer suas próprias mesquitas. Ele diz que deve ocorrer o mesmo agora com sírios e iraquianos.

No entanto, as semelhanças linguísticas e sectárias não significam necessariamente que sírios e iraquianos se sentirão em casa em organizações alemã-marroquinas. "As pessoas que vivem aqui há anos são influenciadas pela cultura local", sublinha Rafoud. Ele explica que muitos dos que vêm frequentando mesquitas marroquinas há anos encontraram sua própria maneira de combinar a religião com a vida cotidiana na Alemanha.

Ponte para a sociedade

Algumas mesquitas têm oferecido cursos de alemão e de integração há anos. Mas os fundos disponíveis para essas atividades são limitados. Recentemente, grupos salafistas, que muitas vezes promovem uma interpretação extremista do Islã, também se envolveram – uma novidade que tem preocupado os especialistas alemães de segurança interna.

Há até mesmo um maior apoio agora a organizações islâmicas que podem ser confiáveis para desempenhar papéis na construção de uma ponte para a sociedade alemã. E a ênfase é dada principalmente aos membros da organização ou congregação, que muitas vezes falam alemão melhor do que os imãs.

"Eles são, mais ou menos, alemães", avalia Aweimer, porta-voz da comunidade muçulmana em Dortmund, se referindo aos muçulmanos que cresceram ou vivem no país há muito tempo.

Ele acredita que o contato com mesquitas locais representa uma oportunidade real para os muçulmanos recém-chegados. "Eles têm de se ajustar aos valores que nós partilhamos nesta sociedade", diz. "Em décadas passadas, a integração demorava muito", comenta. "As pessoas que estão vindo agora já encontram modelos de comportamento dentro das mesquitas. Eu acho que eles vão ter uma adaptação muito mais fácil do que a minha geração teve."