Crise
21 de janeiro de 2009"A Alemanha se encontra em profunda recessão", apontou o Relatório Anual da Economia apresentado pelo ministro alemão da Economia, Michael Glos, nesta quarta-feira (21/01), em Berlim. Glos advertiu que o pacote conjuntural de 50 bilhões de euros deve ser rapidamente aprovado.
Segundo dados do governo alemão, o país vai enfrentar a maior recessão dos últimos 60 anos. O governo de Berlim calcula que, em 2009, a economia do país deverá encolher em 2,25% e que, até o final do ano, o número de desempregados irá aumentar em cerca de 500 mil.
Ao apresentar o relatório, o ministro declarou, no entanto, que a situação deverá melhorar na segunda metade do ano. Para 2010, o governo espera que os pacotes de estímulo à economia repercutam positivamente sobre o crescimento e o emprego.
A atual recessão deverá afetar principalmente as exportações alemãs, onde se espera uma queda anual de 8,9%. As importações, por sua vez, também deverão cair em 5%. O consumo privado, por outro lado, deverá subir numa média de 0,8%, sendo uma das principais esperanças do governo de Angela Merkel para atravessar a crise em 2009.
Dados do relatório
O relatório anual do governo confirmou os dados divulgados nas últimas semanas. Devido à crise econômica e financeira, o governo corrigiu drasticamente sua previsão de crescimento para 2009. Em vez do minicrescimento de 0,2% previsto, Berlim espera que o PIB do país encolha em 2,25%. Até agora, o pior resultado havia sido o de 1993, quando o crescimento diminuiu 0,8%.
Segundo as projeções governamentais, a cota de desemprego deverá elevar-se em 0,6 pontos percentuais para 8,4% da população economicamente ativa. Isso corresponde à perda de 500 mil postos de trabalho no decorrer do ano. No final de 2009, a Alemanha deverá ter 3,5 milhões de desempregados, informou o relatório.
Consumo privado é esperança
O ministro Glos caracterizou a situação como "principal desafio desde a reunificação". Para superá-lo, o governo da Alemanha aposta, sobretudo, no consumo privado. Calcula-se que os salários terão um aumento nominal de 2% e que a inflação diminua sensivelmente, caindo dos 2,6% de 2008 para somente 0,5% em 2009. Através da queda do preço da energia, o ministro espera uma economia de 20 bilhões de euros para os consumidores e para o setor econômico.
Os prognósticos econômicos do governo se baseiam em pressupostos técnicos de que o barril do petróleo custará em média 45 dólares em 2009, bem abaixo do nível de 2008. Os pressupostos técnicos também consideram uma cotação média do euro de 1,32 dólar e a manutenção da taxa básica de juros do Banco Central Europeu de 2% para 2009.
O ministro da Economia admitiu, no entanto, que tais previsões governamentais contêm uma série de imponderabilidades. Até o momento, não se teve nenhuma experiência em lidar com uma crise mundial de tal dimensão, afirmou. No setor bancário e financeiro, os problemas estariam longe de serem resolvidos. Devemos nos preparar para novas notícias ruins, acresceu.
Segundo Glos, com os pacotes conjunturais, o governo alemão estaria cumprindo sua parte no combate à crise. O ministro apelou para que o segundo pacote de estímulo à economia, cujo montante é de 50 bilhões de euros, entre rapidamente em ação. Em 30 de janeiro próximo, ele deverá ser votado pelo Bundestag e, em 13 de fevereiro, pelo Bundesrat, respectivamente, a câmara alta e baixa do Parlamento alemão.
Oposição e lideranças econômicas
Os partidos de oposição ao governo avaliaram o Relatório Anual da Economia como prova de que novas medidas de estabilização da economia e do mercado de trabalho seriam necessárias. O Partido Liberal Democrático exigiu alívio tributário e de encargos para que um empurrão inicial pudesse acontecer.
O Partido Verde pediu por mais investimentos em educação e proteção climática. O partido A Esquerda caracterizou o relatório como "decepcionante". Segundo o presidente do partido, Oskar Lafontaine, o governo teria constatado que seus pacotes conjunturais não atingiriam suas metas.
Por sua vez, as principais confederações da indústria alemã – a Confederação das Associações de Empregadores Alemães (BDA) e Confederação da Indústria Alemã (BDI) – exigem a renúncia de tudo que possa prejudicar a confiança da economia e ameaçar a Alemanha como pólo econômico, como, por exemplo, salário mínimo para serviços terceirizados.