Alemanha a favor do envio de tropas da ONU ao Líbano
27 de julho de 2006O governo alemão se mostrou favorável ao envio de uma força internacional das Nações Unidas ao sul do Líbano. "Espero que obtenhamos logo os requisitos necessários à formação de tal presença estabilizadora", afirmou nesta quinta-feira (27/07) o ministro alemão das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier, após participar de uma reunião especial da Comissão de Assuntos Externos do Bundestag (câmara baixa do Parlamento alemão).
Para Steinmeier, o Conselho de Segurança deveria chegar a um consenso sobre um mandato "realista e executável" para as tropas da ONU no sul do Líbano, o que poderia ser obtido ainda esta semana. Se isso acontecer, o governo alemão decidirá se participará da missão, o que não foi descartado por Steinmeier.
Pesquisa
Em Roma, ele já afirmara que, caso haja necessidade, a Alemanha não teria como desconsiderar a hipótese de enviar seus soldados à região. A participação de uma possível força estabilizadora da ONU no sul do Líbano é um tema controverso na Alemanha devido ao passado nazista do país.
A maioria dos alemães indagados numa pesquisa do Instituto Forsa se declarou contrária à participação de soldados da Bundeswehr numa possível missão no Oriente Médio. Segundo o levantamento divulgado nesta quinta-feira, 58% dos entrevistados se declaram contra a presença alemã na região.
Conferência de Roma
Segundo Steinmeier, as tropas da ONU teriam como objetivo fortalecer a autoridade do governo libanês e as suas Forças Armadas. Ao governo de Beirute deveria ser dada a possibilidade de providenciar a segurança para o sul do país. "A tarefa de uma missão internacional seria apoiar as Forças Armadas libanesas", afirmou Steinmeier.
O ministro rebateu ainda as críticas aos resultados da Conferência de Roma, encerrada nesta quarta-feira. "Demos um passo muito importante", afirmou, dizendo ainda que ninguém esperava que se chegasse a um entendimento sobre a presença estabilizadora da ONU na região durante o encontro.
Ele também disse que, caso Israel tenha interpretado os resultados do encontro como um sinal verde para a continuidade da ofensiva no Líbano, houve um grande mal-entendido. "Ao contrário, ficou claro em Roma que todos os participantes desejam o fim do conflito o mais rápido possível."
Partidos
O porta-voz para Política Externa da bancada da CDU/CSU, Eckart von Klaeden, se mostrou pessimista em relação a uma possível participação alemã na região. "A não ser que a presença alemã seja exigida pelo lado israelense", afirmou.
Já a porta-voz para Política Externa do Partido Verde, Kerstin Müller, acusou o governo de não estar se empenhando o suficiente pelo cessar-fogo. Para ela, o governo alemão deveria influenciar os Estados Unidos, para que o presidente Bush pressione Israel a encerrar os bombardeios. Da mesma forma, a Rússia deveria pressionar os governos do Irã e da Síria para que eles intercedam junto ao Hisbolá.