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Missão da ONU no Líbano pode estar perto do fim

Angela Göpfert (as)27 de julho de 2006

A existência do contingente das Nações Unidas estacionado no sul do Líbano desde 1978 está em xeque. Para especialistas alemães em Oriente Médio, a Unifil não tem futuro.

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Capacetes azuis deveriam deixar a região este mês. ONU avalia prorrogação do mandatoFoto: AP

Não é necessário concordar com a interpretação do secretário-geral da ONU, Kofi Annan, que viu no bombardeio de Israel a um posto da Força Provisória das Nações Unidas no Líbano (Unifil) um "ataque coordenado". Mas os quatro observadores da Unifil mortos no bombardeio representam uma dura derrota para a missão das Nações Unidas no Líbano, cujo mandato, que se encerra na próxima segunda-feira (31/07), deverá ser postergado por mais um mês, por determinação do Conselho de Segurança.

Mas uma prorrogação do mandato por um prazo maior é pouco provável e até mesmo descabida. "A Unifil não tem futuro, pois custou dinheiro e não teve resultados", criticou Michael Wolffsohn, especialista em Oriente Médio da Universidade das Forças Armadas em Munique.

Provisória

Umstrittener Südlibanon
Mapa mostra a região de atuação da UnifilFoto: AP/DW

Planejada para ser provisória, como indica o nome, a Unifil mantém soldados no sul do Líbano desde março de 1978, logo depois que tropas israelenses invadiram a região. O objetivo da missão da ONU era vigiar a retirada das tropas de Israel, restaurar a paz e auxiliar o governo libanês a recuperar sua autoridade na região. No início, havia até 7 mil soldados estacionados no sul do Líbano. Hoje, o contingente é formado por menos de dois mil militares provenientes da China, França, Gana, Índia, Irlanda, Itália e Polônia.

Por princípio, os capacetes azuis da ONU são apenas observadores, e, dessa forma, a Unifil não pôde fazer muito para impedir a violência no Oriente Médio. "As Nações Unidas nunca estiveram em condições de cumprir sua missão", afirma John Bunzl, especialista em Oriente Médio do Instituto de Política Internacional de Viena.

'Mal-entendidos'

Os quatro capacetes azuis mortos esta semana não são os primeiros vitimados pelo conflito. "Há uma série de 'mal-entendidos' semelhantes a esse entre Israel e a Unifil", afirma Bunzl. Desde o começo da missão, a força já perdeu 257 colaboradores, mais de 80 deles em ataques. Tragicamente famosa se tornou a operação militar "Vinhas da Ira", na qual Israel atacou por engano um posto da Unifil na cidade libanesa de Cana em 1996. Mais de cem civis morreram.

Israelischer Feuerüberfall auf Kana, 1996
Ataque israelense a Cana em 1996Foto: PA/dpa

Apesar desse retrospecto desastroso, Annan não considera a missão no Líbano como totalmente perdida. Ele defende a manutenção da missão com um "mandato mais robusto". Ou seja, os soldados da ONU passariam a atuar com armas pesadas para vigiar um possível cessar-fogo. Nesta quarta-feira (26/07), em Roma, o secretário-geral repetiu essa sugestão na conferência que discutiu a situação do Oriente Médio.

Bunzl também é favorável ao envio de uma missão de paz da ONU à região. "Devemos apoiar tudo o que colabora para diminuir as vítimas de ambos os lados", afirmou. Mas Wolffsohn é cético quanto ao sucesso de uma missão de paz. "Elas nunca conseguiram impedir um conflito."

Ele considera a discussão em torno do envio de uma missão de paz irresponsável e sem sentido do ponto de vista histórico. "O cemitério da história está cheio de pessoas mortas nessas missões." Para ele, uma ação do tipo só faria sentido se fosse ao encontro das expectativas das pessoas atingidas pelo conflito.

Israel e a Otan

Já Israel não quer saber de uma missão de paz. Em Roma, o governo israelense voltou a defender a presença de uma tropa da Otan no sul do Líbano. Aparentemente, na esperança de que os soldados ocidentais apóiem seus objetivos na região. "Israel trabalha para a completa eliminação do Hisbolá", afirma Bunzl. "E, infelizmente, experimenta o apoio dos Estados Unidos, que agem segundo o princípio: 'deixe eles fazerem o serviço'."

Depende das Nações Unidas decidir se, diante dessas condições, querem realmente correr o risco de prorrogar ou mesmo renovar o mandato da Unifil. Nesse caso, a ocorrência de novos "mal-entendidos" entre os capacetes azuis, de um lado, e os inimigos de guerra, do outro, já são previsíveis.