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Pedido palestino

23 de setembro de 2011

Presidente da Autoridade Nacional Palestina justifica seu pedido com o fracasso do processo de paz e acusa Israel de bloquear as negociações com os palestinos.

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Abbas entrega pedido de adesão a Ban Ki-moonFoto: dapd

O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, entregou nesta sexta-feira (23/09) ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, o pedido de adesão do Estado da Palestina como membro pleno da organização.

Mais tarde, Abbas defendeu a decisão dos palestinos diante da Assembleia Geral da ONU. Ele foi bastante aplaudido pelos delegados presentes no auditório, em Nova York, tanto no início quanto no final do seu discurso de cerca de 40 minutos.

O pedido de adesão feito nesta sexta por Abbas é um gesto de caráter político e simbólico, já que tem poucas chances de sucesso – os Estados Unidos já afirmaram que irão vetá-lo no Conselho de Segurança. Além disso, pode levar meses até que ele seja apreciado pelo Conselho.

O governo de Israel disse que lamenta a decisão dos palestinos. Até os últimos minutos diplomatas americanos e europeus tentaram dissuadir Abbas da ideia, argumentando que a paz só pode ser alcançada por meio de negociações com Israel e não por meio de gestos unilaterais.

O discurso de Abbas

Rede Mahmoud Abbas UN
Abbas discursa na ONUFoto: dapd

Diante da Assembleia Geral, Abbas acusou Israel de bloquear todos os esforços de paz empreendidos desde a retomada das negociações, em setembro de 2010. Segundo ele, esse é o motivo pelo qual os palestinos decidiram entrar de forma unilateral com um pedido de adesão plena à ONU.

Além disso, Abbas disse que as colônias israelenses nos territórios ocupados são um grande obstáculo no processo de paz entre os palestinos e Israel e destroem as bases para uma solução de dois Estados. Se as ocupações continuarem, o governo da Autoridade Palestina poderá fracassar, afirmou Abbas.

Caso os assentamentos nos territórios ocupados sejam totalmente encerrados e as fronteiras de 1967 forem respeitadas, os palestinos estão prontos para retomar imediatamente as negociações, assegurou o presidente da Autoridade Nacional Palestina. As negociações com Israel não fazem sentido se a atual política de assentamento continuar, disse Abbas.

Ele destacou ainda que o pedido nas Nações Unidas não tem por objetivo isolar ou tirar a legitimidade de Israel.

Abbas também foi aplaudido ao exibir uma cópia do pedido entregue a Ban Ki-moon, no qual os palestinos pedem o reconhecimento de um Estado que englobaria os territórios da Cisjordânia, da Faixa de Gaza e Jerusalém Oriental.

Os palestinos possuem hoje apenas um status de observador nas Nações Unidas, o qual não lhes dá direito de voto.

A vez de Netanyahu

Netanyahu com Ban Ki-moon, pouco antes do discurso
Netanyahu com Ban Ki-moon, pouco antes do discursoFoto: dapd

Logo após Abbas foi a vez de o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, subir ao pódio. Ele disse que estende a mão aos palestinos para uma paz justa e duradoura e sugeriu uma reunião imediata com o líder da Autoridade Nacional Palestina.

"O que nos impede de nos reunirmos hoje e começarmos a negociar? Vamos diretamente para a negociação", disse Netanyahu. Segundo ele, se houver um acordo de paz, Israel não será o último, mas o primeiro país a reconhecer o Estado palestino.

"A verdade é que Israel quer a paz, a verdade é que eu quero a paz. A verdade é que nós não podemos alcançar a paz por meio de resoluções da ONU, mas por meio de negociações. A verdade é que, até agora, os palestinos se recusaram a negociar", afirmou o premiê.

"A essência do conflito não é a questão dos assentamentos. Os assentamentos são o resultado do conflito", acrescentou Netanyahu. "A essência do conflito sempre foi e continua sendo a recusa dos palestinos em reconhecer o Estado judeu e quaisquer fronteiras."

"Os palestinos deveriam primeiro alcançar a paz com Israel e então conseguir o seu Estado", afirmou o líder israelense, sintetizando o principal argumento contrário ao pedido unilateral de reconhecimento encaminhado nesta sexta por Abbas.

AS/dpa/rtr/afp
Revisão: Carlos Albuquerque