Atlântida alemã
22 de agosto de 2008Uma charada ainda sem solução na história da Alemanha. Há décadas, cientistas debatem se a ilha Rungholt, no Mar do Norte, realmente existiu. Alguns acreditam que ela pode ter sido engolida pelas águas, alimentando um mito semelhante ao da cidade perdida de Atlântida.
Civilizações e territórios que desapareceram debaixo d´água costumam fascinar as pessoas, a Atlântida é somente o exemplo mais famoso, mas a Alemanha também possui sua lenda própria.
Tudo teria começado em 16 de janeiro de 1362, quando se acredita que a cidade de Rungholt tenha sido devorada pelo oceano, num castigo divino devido ao comportamento imoral de seus habitantes.
Ciência ou fantasia?
Desde então, muitos pesquisadores vêm tentando decifrar o mistério, em busca da ilha perdida. O etnólogo Hans Peter Duerr, por exemplo, encontrou um mapa antigo que dava conta da existência de Rungholt como parte da ilha Strand, no Mar do Norte, e até escreveu um livro sobre o tema, Rungholt: em busca da cidade submersa.
Num estilo por vezes romântico, o etnólogo alemão narra a suas experiências no caminho rumo ao misterioso povoado. Ele também lança hipóteses que, para alguns, soam exageradas ou fantasiosas.
Duerr supõe, por exemplo, que Rungholt existia como comunidade desde o ano 2500 antes de Cristo. A cidade só teria sido habitada durante um período muito curto na Idade Média.
O livro se perde um pouco no resgate de uma variedade incrível de argumentos, incluindo a descrição de rituais eróticos entre deuses e deusas, mas descreve um mundo que, independentemente de sua autenticidade, mostra-se tão fascinante quanto a própria lenda.
A perpetuação de uma lenda
Longe desses delírios, cientistas têm tentado reconstruir a existência de Rungholt com base em pistas razoavelmente concretas. Sabe-se que um cartógrafo chamado Johannes Meyer realizou em 1636 um mapa onde Rungholt aparecia. Mas isso não significa que ele tenha constatado que a ilha realmente existiu, já que tomou como referência outro mapa, de 1240.
Entre 1921 e 1938 foi possível resgatar objetos supostamente provenientes daquela comunidade, entre eles um testamento datado de 1345, em que se faz referência à localidade, e um acordo entre comerciantes de Rungholt e Hamburgo, de 1361.
Os dois documentos estão preservados no arquivo do porto de Hamburgo, no norte da Alemanha. Estes e outros indícios levam os pesquisadores a crer que 2 mil pessoas viviam em Rungholt até o século 14.
De qualquer maneira, a lenda da Atlântida alemã persiste e tem sido tema de músicas, livros e filmes. Há quem diga, inclusive, que em épocas de temporais no Mar do Norte é possível ouvir os sinos da igreja da cidade submersa.
A resposta a este quebra-cabeça não parece estar próxima. Não existem evidências suficientes para comprovar cientificamente a existência da cidade fantasma, e ao mesmo tempo os indícios já encontrados levam a crer que a história pode ser mais do que uma simples lenda. Este enigma ainda sem solução faz com que Rungholt permaneça sendo um autêntico mistério alemão.