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Último dia da campanha mostra diferenças entre candidatos à Presidência em São Tomé e Príncipe

5 de agosto de 2011

Evaristo Carvalho ataca passado de adversário, destaca cooperação com Governo. Pinto da Costa faz campanha "pedagógica". Concorrentes no segundo turno da eleição, em 7/8, optaram por contato mais próximo com eleitorado.

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Rua da capital do arquipélago, São Tomé; candidatos optaram por aproximação do eleitorado na campanha pelo segundo turno
Rua da capital do arquipélago, São Tomé; candidatos optaram por aproximação do eleitorado na campanha pelo segundo turnoFoto: picture-alliance/ dpa

A campanha eleitoral para a segunda volta das presidenciais em São Tomé e Príncipe, arquipélago ocidental africano no Golfo da Guiné, encerra esta sexta-feira (5/8). O candidato Manuel Pinto da Costa tem marcado um comício na Praça Yon Gato, na Cidade de São Tomé, capital do país, e diante da residência oficial do Primeiro Ministro, Patrice Trovoada.

O adversário de Pinto da Costa, Evaristo Carvalho, adotou uma postura de esconder o roteiro da sua atividade de caça ao voto e deverá encerrar igualmente com uma concentração.

Espera-se maior mobilização de apoiantes das candidaturas na tarde desta sexta-feira, décimo e último dia da campanha. Durante os nove dias, os dois candidatos optaram por uma estratégia de aproximação do eleitorado, promovendo arruadas ou passeatas em todos os distritos de São Tomé e na Região Autónoma do Príncipe.

Pinto da Costa procurou fazer uma campanha pedagógica, explicando como pensa contribuir para solucionar os problemas do país se for eleito. Evaristo Carvalho insistiu ser o garante da estabilidade por ser dirigente da Acção Democrática Independente (ADI) e conhecer o programa do partido no poder e que o apoia no pleito.

"Neste momento da minha vida política, o que eu defendo é um sistema de distribuição, que passe necessariamente pelo bom entendimento entre os órgãos de soberania, com um Presidente e um Governo para o bem de todos, das crianças, da juventude, dos trabalhadores, dos reformados, dos mais necessitados", disse.

"Martelo" no passado de Pinto da Costa

Os mentores de Evaristo Carvalho concentraram-se, sobretudo, nos últimos dias a martelar numa parte do passado de Pinto da Costa, com destaque para os acontecimentos do censo da população em agosto de 1979. Naquela altura, alguns cidadãos não concordavam com o recenseamento geral da população. Segundo relatos da imprensa internacional, os cidadãos consideravam o "censo" como mais uma tentativa de contrato dos locais para algum tipo de trabalho forçado.

Cacau é um dos pilares da economia das duas ilhas, que ficam no Golfo da Guiné, na África ocidental; decisão eleitoral acontece em 7/8
Cacau é um dos pilares da economia das duas ilhas, que ficam no Golfo da Guiné, na África ocidental; decisão eleitoral acontece em 7/8Foto: DW

Os resistentes colocaram barricadas e hostilizaram os agentes e dirigentes que foram ao terreno para convencê-los a abandonar a atitude de protesto; foram presos e alegadamente torturados.

Pinto da Costa optou por não responder ao que qualificou de "provocações" nem autorizou a sua equipa a fazê-lo no seu espaço de antena. "Por mais tentativas que façam, não me vou afastar desta postura de ignorar ataques pessoais, venham eles de onde vierem, e que apenas contribuem para colocar em causa externamente a credibilidade das instituições do Estado", afirmou.

A propósito, a Comissão Eleitoral Nacional emitiu um comunicado aconselhando "as candidaturas a fazerem a sua propaganda eleitoral baseando-se em debates de ideias e propostas para o progresso e bem estar do povo são-tomense", ameaçando com "a suspensão do direito de antena".

Apoios e "banho"

A Deutsche Welle ouviu apoiantes das duas candidaturas: "Eu apoio Evaristo Carvalho, porque é um candidato que não tem nenhum currículo sujo e quero que ele trabalhe junto com [o Primeiro Ministro são-tomense] Patrice Trovoada", disse um eleitor. "Eu vejo que ele [Pinto da Costa] é a pessoa ideal, tem mostrado muitas coisas que ele fez no país. Dou todo o meu apoio, espero que os outros façam o mesmo", afirmou outro.

As candidaturas de Delfim Neves, Maria das Neves, Aurélio Martins, Jorge Coelho e o partido Códó declararam apoiar Pinto da Costa nesta segunda volta, enquanto Evaristo Carvalho conseguiu atrair algumas figuras que apoiaram aqueles candidatos que não passaram pelo primeiro turno.

De acordo com os resultados definitivos apurados pelo Tribunal Constitucional, Pinto da Costa obteve 21.457 votos na primeira volta, o que corresponde a 33,8%. Evaristo Carvalho obteve 13.125 votos, perfazendo 20,7%.

Em São Tomé e Príncipe, um fenómeno conhecido que poderá influenciar os resultados eleitorais é o "banho" – a chamada "boca de urna", ou compra de votos com dinheiro.

Autor: Juvenal Rodrigues (São Tomé)

Edição: Renate Krieger / António Rocha

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