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Conselho da República: Nomeação de Chivukuvuku gera polémica

18 de outubro de 2024

Escolha do Presidente João Lourenço está a suscitar várias interpretações. À DW, analistas dizem que indicação mostra que líder do PRA-JA Servir Angola é uma pessoa de "confiança" de JLO e falam em "acordo contranatura".

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Angola - Abel Chivukuvuku, político na oposição que liderou a CASA-CE
Indicação para Conselho da República de Abel Chivukuvuku, líder do PRA-JA Servir Angola e um dos dirigentes da Frente Unida Patriótica, está a gerar polémicaFoto: DW/J. Carlos

Abel Chivukuvuku, presidente do recém legalizado partido PRA-JA Servir Angola, vai ocupar a vaga deixada pelo jornalista e escritor Ismael Mateus, falecido recentemente vítima de acidente, em Luanda. O político angolano foi nomeado na quarta-feira (16.10)pelo Presidente João Lourenço como membro do Conselho da República. 

João Lourenço tem a prorrogativa de nomear cidadãos para esse órgão de consulta presidencial. Ainda assim, esta indicação está a gerar polémica. 

"Pessoa de confiança"

José Gama, jornalista angolano residente na África do Sul, diz, em declarações à DW África, que Abel Chivukuvuku é uma pessoa de "confiança" de João Lourenço.

"A mensagem que o Presidente está a passar é de que tem uma estima e consideração por Abel Chivukuvuku.Tem confiança nele e indica-o para esta posição porque sabemos que o Presidente é uma pessoa que não é muito dada à crítica", argumenta o jornalista.

Para Gama, João Lourenço nunca colocaria alguém para lhe afrontar e criticar. "Se colocou Abel Chivukuvuku é porque sente que tem uma abertura, uma paz política de convivência entre ele e Abel Chivukuvuku", acrescenta. 

Protestos em Angola. Na foto Abel Chivukuvuku, Adalberto Costa Junior e Filomeno Vieira Lopes
Um dos objetivos de João Lourenço é o de "retirar o Abel Chivukuvuku do convívio da Frente Patriótica Unida", antevê o analista José GamaFoto: Julio Pacheco Ntela/AFP

E, segundo José Gama, tudo isso tem dois objetivos: o primeiro é o de "retirar o Abel do convívio da Frente Patriótica Unida". Na sua interpretação, o objetivo de João Lourenço é procurar "criar dúvidas na Frente Patriótica ao puxar por Abel Chivukuvuku".

Para o jornalista, o objetivo visa 2027. "Quando o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) for às eleições com João Lourenço - pode ser que ele concorra a um terceiro mandato alterando a Constituição- e concorre sem ter um adversário como Abel Chivukuvuku. "Porque", sustenta o jornalista, "o mais importante é justificar a derrota da União Nacional para a Independência de Angola (UNITA)."

Suspeições geram debate

Esta indicação para o Conselho da República ocorre uma semana depois da legalização do partido político PRA-JA Servir Angola. Uma legalização que continua a gerar suspeições na sociedade angolana.

Desde o anúncio da legalização do partido de Chivukuvuku e a sua designação como membro do Conselho da República, o debate no mosaico político angolano está cada vez mais acesso. 

Para o jurista e jornalista Jaime Azulay, as coisas estão a correr "rápido demais para as pretensões de Abel Chivukuvuku". 

"E as pessoas perguntam-se: haverá uma coisa em troca nesse suposto acordo que eu chamo mesmo de contranatura?", interroga o analista.

"Espera-se que isso fortaleça a democracia angolana, conclui Jaime Azulai.

"Esperemos que tudo isso dê certo e que saia fortalecida a democracia e que todos os líderes da oposição, todos os contendores políticos consigam sempre abraçar aquele espírito de transparência, aquele espírito de democraticidade dentro das suas próprias formações políticas”, perspetiva. "Pode ser bom para democracia angolana. Só o futuro pode dizer".

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