Vírus na China deixa comunidade internacional em alerta
18 de janeiro de 2020Quatro novos casos foram identificados como sendo de novo tipo de pneumonia viral, com origem na cidade de Wuhan, na China, revelaram as autoridades de saúde chinesas. Estes casos fazem subir para 45 o número de pessoas que contraíram a doença, num balanço que conta com duas mortes e cinco pacientes que permanecem em estado grave.
O alerta de disseminação do vírus foi dado esta semana pela Organização Mundial de Saúde (OMS), depois de os primeiros casos detetados fora da China terem sido conhecidos, na Tailândia e no Japão, com ambos os pacientes a terem visitado Wuhan recentemente.
Os casos de pneumonia viral alimentaram receios sobre uma potencial epidemia, depois de uma investigação ter identificado a doença como um novo tipo de coronavírus, uma espécie de vírus que causa infeções respiratórias em seres humanos e animais e são transmitidos através da tosse, espirros ou contacto físico.
Em resposta a estas informações, os Estados Unidos anunciaram na sexta-feira que vão monitorizar os passageiros dos voos provenientes de Wuhan para nos aeroportos em Los Angeles, São Francisco e Nova Iorque.
Este é um período de maior circulação de cidadãos de e para a China por causa das celebrações do Ano Novo Chinês, no próximo dia 25.
Número de casos pode ser muito superior
O número de pessoas infetadas com um vírus que matou duas pessoas na China ultrapassa provavelmente o milhar de casos e é muito superior àquele avançado pelas autoridades locais, segundo investigadores britânicos.
Num artigo publicado na sexta-feira por cientistas de um centro de pesquisa do Colégio Imperial de Ciência, Tecnologia e Medicina de Londres aponta-se que o número de pessoas infetadas na cidade chinesa provavelmente deverá ser muito superior ao oficial.
Investigadores do Centro de Análise Global de Doenças Infeciosas, que aconselha instituições como a Organização Mundial de Saúde (OMS), estimam que "um total de 1.723 casos" em Wuhan apresentavam sintomas da doença desde 12 de janeiro.
Os cientistas usaram o número de casos detetados até agora fora da China - dois na Tailândia e um no Japão - para estimar o número de pessoas que provavelmente estarão infetadas em Wuhan, com base em dados de voos internacionais que partem do aeroporto daquela cidade.
"Para Wuhan exportar três casos para outros países, deve haver muito mais casos do que o anunciado", disse o professor Neil Ferguson, um dos autores, à emissora pública britânica BBC. "Estou muito mais preocupado do que estava há uma semana", acrescentou.
Em Hong Kong e em Macau, as autoridades intensificaram as medidas de deteção, que inclui o rigoroso controlo de temperatura para viajantes e turistas, com o antigo território administrado por Portugal a realizar estas ações também à entrada dos casinos, numa cidade que recebe em média mais de três milhões de visitantes por mês.
Os Estados Unidos já anunciaram vão começar a filtrar voos diretos de Wuhan para os aeroportos de São Francisco e Nova Iorque, assim como em Los Angeles, onde são garantidas inúmeras conexões.
Para já, as autoridades internacionais de saúde admitem que possa ter havido um caso de contágio entre pessoas no surto de pneumonia viral na China, mas afirmam que "não há uma indicação clara e sustentada de transmissão" entre humanos.
O Centro Europeu de Controlo de Doenças afirmou também que é "impossível quantificar o potencial de transmissão entre humanos" deste novo vírus detetado na China.
São poucos os casos sem conexão direta com um mercado de marisco em Wuhan, mas as autoridades ainda desconhecem a fonte de infeção ou o modo de transmissão.