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Moçambique: Luta contra HIV/Sida está no bom caminho

1 de dezembro de 2019

A Comunidade de Sant'Egídio diz que a "guerra" contra o vírus da Sida está no bom caminho, uma vez que diminuiu a incidência da transmissão vertical, ou seja, há menos casos de transmissão de mãe para filho.

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Teste de HIVFoto: picture-alliance/dpa/J. Aoki

Moçambique continua a ser um dos países com maior taxa de prevalência do HIV/Sida na África Austral com 2,2 milhões de pessoas infetadas pelo vírus. Dados do Conselho Nacional de Combate ao Sida de Moçambique indicam que, em 2018, foram registadas 145 mil novas infeções que resultaram em cerca de 50 mil mortes.

Mesmo assim, a Comunidade de Sant'Egídio, uma organização católica focada na luta contra o vírus da Sida, considera que a luta contra esta doença "está a ser vencida". Apesar de reconhecer que os desafios são maiores, Francisco Viegas Cocote, um dos coordenadores do projeto "Dream", daquela organização, avança que todos os hospitais de Moçambique têm tratamento antiretroviral.

Ukumi - Kampagne gegen HIV/AIDS in Cabo Delgado
Campanha para promover o rastreio ao vírus da SidaFoto: DW

Em entrevista à DW África perguntámos a Viegas Cocote quais as estratégias que a Comunidade Sant´Egídio está a levar a cabo em Moçambique.

Francisco Viegas Cocote (FVC): A luta contra SIDA, no contexto geral de Moçambique, já está a ser vencida. Quer dizer, é uma luta que vale a pena. Nós estamos a reduzir a transmissão vertical. Com antirretrovirais a luta está a ser vencida, tomando como princípio a prevenção. Há muitas atividades em relação à prevenção e saúde reprodutiva. Acho que de alguma maneira estamos a vencer. Os desafios são maiores, mas estamos a vencer.

DW África: Quais as estratégias que a Comunidade de Sant´Egídio está a levar a cabo para reduzir ainda mais os níveis de infeção?

FVC: É dizer às pessoas que a doença existe, que temos que prevenir mas também é possível fazer o tratamento. Com o tratamento que existe, agora, dá-se esperança às pessoas. Somos um país do terceiro mundo, mas com o que existe agora em termos de tratamento, as pessoas conseguem fazer uma vida normal. A estratégia é privilegiar a prevenção, mas mesmo quem estiver contaminado tem tratamento. Neste momento o HIV/Sida em Moçambique já não é um tabu.

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Infeção pelo vírus da Sida pode ser controlada através de terapêutica antirretroviralFoto: Getty Images/AFP/G. Guercia

DW África: Todos os hospitais já têm tratamento antirretroviral em Moçambique?

FVC: Em muitos hospitais já se faz o tratamento antirretroviral. Neste momento poderei ter dificuldade em dizer qual o hospital que não faz o tratamento antirretroviral. Então, todos os hospitais fazem o tratamento e as pessoas estão a aderir. É verdade que em alguns momentos temos que ir atrás das pessoas que têm problemas culturais, religiosos, mas as estratégias são de que em todas as unidades sanitárias haja tratamento antirretroviral e isso está a resultar.

DW África: Acha que as pessoas estão conscientes em relação à doença?

FVC: Há uma grande consciência. É uma realidade. As pessoas assumem e sabem o que têm de fazer para evitar esta doença.

DW África: Qual é o cenário das crianças que nascem com HIV/Sida em Moçambique?

FVC: Posso ter dificuldades em consultar a estatística, mas o cenário é zero, zero, zero. Estamos a dizer que a perspetiva do país é de que não haja nenhuma criança que tem de nascer seropositiva. Isso passa necessariamente pelo tratamento antiretorivral, prevenção vertical o que significa que todas as mulheres grávidas são testadas e se forem positivas fazem tratamento. A nossa meta é que não haja futuramente uma criança que nasça positiva de uma mãe positiva. Então, estamos no bom caminho.

Luta contra VIH/Sida está a ser vencida em Moçambique

DW ÁFrica: Qual o nível de envolvimento das comunidades, sobretudo rurais?

FVC: Há um envolvimento ao nível das comunidades. O nosso país tem índices de analfabetismo muito altos que temos de melhorar, mas a abordagem ao nível das comunidades e a estratégia é consciencializar para que as pessoas entendam que o HIV/Sida não é um tabu, é uma realidade, para que assim as pessoas se possam prevenir.

DW África: Qual a província que tem mais níveis de contaminação com VIH?

FVC: É a província de Gaza. Gaza faz fronteira com a África do Sul [país com os maiores índices da doença]. Há muita emigração e imigração e há igualmente problemas de poligamia.

DW África: Há algumas especificidades nas vossas atuações ou preferem fazer uma abordagem mais generalizada?

FVC: A atuação é geral. Onde nós conseguimos, porque não vamos mudar o mundo. Mas o que conseguimos fazer, fazemos e fazemos bem e isso está a mudar a vida das pessoas.

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