Verónica Macamo: "Ninguém está acima da lei em Moçambique"
13 de outubro de 2017Moçambique está a braços, há vários anos, com uma vaga de assassinatos políticos. O mais recente é o caso Mahamudo Amurane, o presidente do Conselho Municipal de Nampula que foi morto no passado dia 4 com três disparos.
O crime está a ser investigado, havendo já suspeitos, confirmou à DW África Verónica Macamo Dlhovo, que esta quinta-feira (12.10) participou, em Lisboa, numa conferência que reuniu empresários portugueses e moçambicanos para debater o futuro económico do país africano.
"Não podemos, rigorosamente, dizer que é um crime político", sublinhou a segunda figura na hierarquia do poder em Moçambique. "Sabemos que o aconteceu foi, de facto, um homicídio. Não se sabe ainda, está-se a fazer a investigação. Já há pessoas suspeitas", acrescentou.
Existe vontade política para acabar com a impunidade em Moçambique? A presidente da "Casa do Povo" garante que no seu país "ninguém está acima da lei" e prova disso é que antigos ministros já foram presos.
Porém, reconhece, por vezes há "crimes quase perfeitos que levam muito tempo a esclarecer". "Os criminosos também sofisticam os seus métodos. Só que nós temos que estar preparados, porque não podemos deixar o nosso mundo ser comandado por criminosos", defende Verónica Macamo.
Crise económica e dívidas
Por outro lado, Moçambique não ficou imune aos reflexos da crise económica, depois do choque severo registado em 2015 e 2016, em consequência da baixa do preço das matérias primas, da desvalorização da moeda nacional, o metical, face ao dólar e ao euro, e ainda devido, entre outras razões, à instabilidade política no centro do país.
A presidente do Parlamento destaca que a economia já está a registar sinais consistentes de retoma. "O Governo moçambicano adotou um maior rigor orçamental, acompanhado de contenção de despesa pública, e medidas de restrição da política monetária e fiscal, que permitiram relançar as bases para uma estabilização assinalável dos indicadores macroeconómicos", diz.
O fosso provocado pelas chamadas dívidas ocultas foi outro factor que abalou a economia moçambicana. Verónica Macamo assegurou aos empresários reunidos na capital portuguesa que, a par da auditoria internacional, "a gestão moçambicana está a trabalhar no sentido de esclarecer a questão" e que o país olha para o futuro com mais confiança.
Verónica Macamo, que esta sexta-feira (13.10) é recebida pelo chefe de Estado português, Marcelo Rebelo de Sousa, está em Lisboa em visita oficial a convite do seu homólogo da Assembleia da República portuguesa.
Acompanham-na representantes da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) e do Movimento Democrático de (MDM), as principais forças políticas moçambicanas com assento parlamentar.