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Urnas abertas na Tunísia

Reuters | Lusa | cvt
13 de outubro de 2019

Sete milhões de eleitores são convocados a votar, este domingo (13.10), pela terceira vez num mês, na segunda volta das presidenciais disputadas por dois candidatos marginais ao sistema político tradicional.

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Tunesien Wahlen l Stichwahl um Präsidentenamt
Foto: Getty Images/AFP/F. Belaid

Os tunisinos iniciaram a votação do novo Presidente após rejeitaram candidatos tradicionais em eleições disputadas por um magnata da comunicação social e de um professor de direito reformado que quer refazer a democracia.

Nabil Karoui, o magnata da mídia, só foi libertado de detenção na quarta-feira (09.10), depois de passar a maior parte da eleição a aguardar um veredicto no seu julgamento por corrupção. Ele nega todas as acusações de irregularidades.

Kais Saied não gastou quase nenhum dinheiro na sua campanha e é considerado pelos seus apoiantes como um homem humilde de princípios, enquanto os seus críticos atacaram os seus pontos de vista sociais conservadores e com o apoio do partido islâmico moderado da Tunísia, Ennahda.

Três pleitos em cinco semanas

A votação de domingo é a terceira eleição nacional em cinco semanas, após o primeiro turno da votação presidencial em setembro - em que Saied levou 18,4% e Karoui 15,6% entre 26 outros candidatos - e uma eleição parlamentar há uma semana.

Baixa afluência às urnas e rejeição dos políticos e partidos tardicionais em ambas as sondagens revelaram insatisfação com a situação da Tunísia.

No entanto, qualquer que seja o presidente e o primeiro-ministro eleitos, eles enfrentarão os mesmos desafios que têm atormentado todas as coligações recentes - desemprego crónico, alta inflação e demandas de credores estrangeiros por

impopulares cortes nos gastos.

Kombobild Kais Saied und Nabil Karoui
Kais Saied (à esq.) e Nabil Karoui (à dir.)

Campanha turbulenta

Os últimos dias de campanha ficaram assinalados pela libertaçãodo candidato Nabil Karoui que dispôs de dois dias para argumentar com o seu adversário Kais Saied. 

"Não houve nenhum acordo", assegurou Karoui logo na manhã de quinta-feira, após diversos comentários que admitiam possíveis negociações políticas no âmbito das discussões em curso para formar um governo após as inconclusivas legislativas de 6 de outubro. 

"Foi a Justiça que me libertou, a Justiça independente", acrescentou o empresário e publicitário que denunciou uma detenção "política". 

"Esperava que estas eleições fossem adiadas uma semana para que o povo tunisino pudesse ver e comparar", disse ainda Karoui. "Falta um ou dois dias, mas vamos enfrentar a batalha e vamos ganhar!", assegurou. 

Os dois candidatos

A rutura com o "sistema" é um dos poucos objetivos que une os dois homens.  

Na primeira volta presidencial em 15 de setembro, Saied (18,4%) e Karoui (15,58%) ficaram distanciados por 95.000 votos. 

O primeiro é um universitário especialista em direitos constitucional e com uma carreira sem grande relevo. O segundo teve modestos estudos de comércio em Marselha, vendeu produtos da Colgate e Palmolive antes de se tornar no número um da comunicação, da publicidade e da televisão no seu país. 

Saied, que diversas sondagens oficiais apontam como o vencedor da segunda volta deste domingo, constitui uma curiosa mistura de nacionalismo árabe, conservadorismo e esquerdismo.

Karoui é um convicto liberal que concentrou o essencial das suas propostas políticas no social e na defesa dos mais pobres, utilizando como ferramenta decisiva a cadeia televisiva Nessma TV, que fundou com o seu irmão Ghazi em 2007.