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Reserva ambiental poderá reduzir mortes de elefantes em Angola

28 de março de 2011

De volta ao país após a guerra civil, os elefantes disputam espaço com agricultores. Um dos maiores projetos de proteção do meio ambiente na África Austral quer facilitar a convivência e a movimentação dos animais.

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Elefantes no Chobe National Park, no BotsuanaFoto: picture-alliance / dpa

Desde o fim da guerra civil em Angola, em 2002, a vegetação e a fauna local ganharam novo alento. Elas renascem nas províncias angolanas, e agora até os animais selvagens, como os elefantes, que migraram para o Sul da África, no período da guerra, estão de regresso.

Para voltar a Angola, os elefantes têm que passar por várias fronteiras, por exemplo o chamado Corredor de Caprivi, que liga a Namíbia a Zâmbia e separa o Botsuana de Angola. Tornar estas fronteiras mais permeáveis é um dos principais objetivos do projeto KAZA duma reserva natural transfronteiriça na região dos rios Kavango e Zambezi. A reserva deverá incluir territórios em Angola, Zâmbia, Namíbia, Zimbábue e Botsuana.

Angola - Alltag
Mulheres trabalham num campo em Angola, em 2006Foto: dpa

Promover a migração dos elefantes

Assim os elefantes poderiam migrar dos países, onde as populações já atingiram níveis muito altos, para países com populações ainda pequenas. Philipp Göltenboth, coordenador do projeto KAZA na organização não-governamental WWF na Alemanha, explica: “No Botsuana, por exemplo, existe uma quantidade imensa de elefantes, como no Chobe National Park”, que seria pequeno demais para a quantidade de elefantes no local. “Mas, criando corredores em direção a outras regiões, como Angola, os elefantes podem ter acesso a outras áreas, onde eles têm mais espaço para viver”, afirma Göltenboth.

A diretora do ministério do turismo, e coordenadora angolana do projeto, Kamélia Cazalma, vê o regresso dos elefantes com bons olhos. “Para nós, é uma alegria muito grande, pelo fato do fim da guerra permitir que os animais regressem”, avalia. “Vieram eles e aqueles que constituíram família, outros elefantes que nasceram no Botsuana e noutros países. O projeto vai possibilitar que a população mundial visite esta área transfronteiriça”, estima Cazalma.

Convivência difícil entre homens e animais

Para Philipp Göltenboth, do WWF, Angola tem um grande potencial natural em biodiversidade. Porém, a convivência entre homens e a natureza nem sempre é pacífica: ocorrem muitos conflitos entre os agricultores e os elefantes, que devastam as plantações. “Centenas de elefantes são mortos na África todos os anos. E também morrem centenas de pequenos agricultores que entram em confronto com os animais, que destroem as plantações de milho”, conta o coordenador.

Botswana: Aufzucht von Elefantenbaby
Bebê elefante. órfão, recebe leite no BotsuanaFoto: AP

Para reduzir estes conflitos, o Ministério do Turismo de Angola, e também o do Meio Ambiente, desenvolveram a concessão de terras às comunidades. Os territórios são demarcados pela seção alemã da WWF, em conjunto com o estado angolano.

De acordo com o coordenador da WWF na Alemanha, as minas ainda existentes em Angola não impedem a migração dos elefantes, que já aprenderam a contorná-las.

O projeto KAZA ainda está na fase inicial. Mas a visão já está clara: criar uma das maiores reservas naturais da África em Angola, Zâmbia, Namíbia, Zimbábue e no Botsuana, em que as fronteiras deixem de ser uma barreira para os animais selvagens.

Autora: Cristiane Wedel

Revisão: Renate Krieger / António Rocha