Meio Ambiente
16 de fevereiro de 2011Nos ecossistemas de manguezal ou mangue, vivem plantas adaptadas às condições extremas de áreas costeiras e desembocaduras de rios. Elas dependem da alternância entre períodos úmidos e secos.
Os manguezais não sobrevivem sem as elevações periódicas da maré. A vegetação de mangue compreende cerca de 60 árvores e arbustos, incluindo desde moitas até árvores que podem atingir 60 metros de altura.
Os manguezais são habitat natural para uma variedade tão grande de animais quanto as florestas tropicais. As raízes abrigam crustáceos, ostras e caramujos.
Insetos, mamíferos e aves e principalmente diferentes espécies de caranguejos e peixes se adaptaram à vida na transição entre os ambientes terrestre e marinho. A importância do mangue como berçário para peixes marinhos foi ignorada por muito tempo, mas finalmente vem sendo estudada.
Os manguezais situam-se nas regiões quentes entre os dois trópicos e também no Japão, na Flórida, nas Bermudas, na Austrália e na Nova Zelândia. Um dos manguezais mais conhecidos é o de Sunderbans, no delta do rio Ganges, entre Índia e Bangladesh.
Redutor do dióxido de carbono
Junto com as florestas tropicais e os recifes, os manguezais podem ser considerados os biótopos mais produtivos. Para a criação de conchas, caramujos, mosquitos, folhas e galhos, é necessário dióxido de carbono, filtrado do ar.
Um hectare de vegetação de mangue pode absorver da atmosfera de uma e meia a três toneladas de dióxido de carbono por ano. Grande parte dos resíduos ricos em gás carbônico – provenientes de folhas mortas, por exemplo – é levada pela maré para locais distantes em alto-mar, onde se acumula no fundo do oceano. Assim, durante centenas de anos, este dióxido de carbono não representará uma ameaça ao clima.
Barreira natural contra ondas
Com sua densa rede de raízes, os manguezais protegem a costa contra erosão e inundações. Em tempos de aumento do nível do mar, manguezais intactos podem significar a salvação para muitas regiões costeiras. Um estudo australiano mostrou que a vegetação de mangue cresce junto com o aumento do nível do mar.
Uma prova impressionante para a importância dos manguezais foi o tsunami de 2004: nos locais em que os manguezais estavam intactos a destruição foi menor do que onde haviam sido desmatados.
Ameaça de extinção
"Os manguezais podem ser considerados as florestas mais ameaçadas do mundo", afirma o ecólogo Michael Succow, ganhador do Prêmio Nobel Alternativo. A vegetação costeira desaparece duas vezes mais rápido que as florestas tropicais. Há 20 anos, estimava-se em 30 milhões de hectares a área de manguezais no planeta. Hoje, resta apenas a metade. Uma a cada seis espécies características do mangue está na lista vermelha de espécies ameaçadas de extinção.
Nas Filipinas, mais de 70% dos manguezais foram devastados. A maioria desapareceu quando áreas foram drenadas para urbanização ou plantações. Nos últimos anos, grandes espaços também foram destruídos para a criação convencional de camarões.
Esperança
A boa notícia é que os manguezais podem ser reflorestados rapidamente, como demonstram inúmeros projetos da ONU no Vietnã, na Tailândia e na Indonésia. A União Europeia também está envolvida em iniciativas de reflorestamento na Ásia.
O problema é recuperar o manguezal em antigas fazendas de camarões – onde o solo está tão contaminado por agentes químicos, que durante décadas ali não crescerão plantas típicas de manguezais.
Autor: Oliver Samson (lpf)
Revisão: Roselaine Wandscheer