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RENAMO responsabiliza FRELIMO por possíveis convulsões

17 de outubro de 2024

José Manteigas, da RENAMO, não duvida de "um possível cenário desastroso para Moçambique" devido a supostas fraudes eleitorais e afirma que "consequências que advirem dessas convulsões são imputadas ao partido FRELIMO".

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Ossufo Momade, líder da RENAMO
Partido da oposição liderado por Ossufo Momade reclama respeito pela vontade dos moçambicanos expressa nas urnasFoto: Bernardo Jequete/DW

A Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) responsabiliza o partido no poder, a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), pelas consequências de possíveis convulsões sociais no contexto das eleições. José Manteigas, presidente da mesa do Conselho Nacional do maior partido da oposição, liderado por Ossufo Momade, não duvida de um possível cenário desastroso para Moçambique devido à mega fraude que teria manchado as eleições de 9 de outubro.

Para José Manteigas, "os moçambicanos estão cansados de tanta brincadeira" da FRELIMO. Mas interrogado pela DW África sobre a hipotética perda de estatuto de segunda maior força da oposição por parte da RENAMO, Manteigas preferiu não comentar.

O político imputa ao partido no poder toda a responsabilidade face às consequências das convulsões que se registam nalgumas partes do país.

DW África: Como a RENAMO olha para essa possível "destituição" da sua posição de segunda maior força da oposição ocambiçana?

José Manteigas (JM): Não. O que eu digo é que a RENAMO, aqui na Zambézia e em várias províncias do país, goza de popularidade inquestionável. Portanto, esses resultados que estão a sair são a consequência dessa manipulação a que estou a me referir. Por isso, nós esperamos que a [Comissão Nacional de Eleições] CNE, o Conselho Constitucional, aprecie positivamente as reclamações que foram feitas e que se reponha a verdade eleitoral.

Nós somos um partido que lutamos pela democracia, por isso queremos que o país enverede pelos princípios básicos da democracia. E um dos princípios básicos da democracia é respeitar a soberania dos moçambicanos, é respeitar a vontade popular que é depositada nas urnas.

DW África: Que medida diferente o seu partido pretende tomar para repor a verdade eleitoral este ano?

JM: Neste momento, não posso falar de medidas porque não estou a falar em nome de nenhum órgão. Eu estou a falar como membro, como quadro do partido, e acredito que a breve trecho o partido irá, através dos seus órgãos, se pronunciar e dizer quais são as medidas que, obviamente, serão tomadas doravante.

José Manteigas, membro da RENAMO
José Manteigas alerta: "(FRELIMO) finge que vamos para as eleições, mas já tem resultados pré-fabricados"Foto: Marcelino Mueia/DW

DW África: Caso se confirme que a RENAMO perdeu o estatuto de maior partido da oposição, acha que seria oportuna uma reflexão interna dentro do seu partido para avaliar isso?

JM: Se me permitir, eu não posso responder a questão porque estou a dizer que estou a falar como membro do partido. Não estou a falar em nome de nenhum órgão. Como membro do partido estarei à espera do momento propício, em sede dos órgãos próprios, para nos pronunciarmos sobre os factos que devem ser seguidos nos próximos tempos.

DW África: Em Moçambique, de uma maneira geral, há sinais de uma convulsão social à vista. Como é que o senhor vê esse sinal ameaçador?

JM: Isso é da responsabilidade do partido FRELIMO. O que eu estava a dizer é que a FRELIMO devia refletir profundamente sobre que Moçambique pretende construir. E todas as consequências que advirem dessas convulsões são imputadas ao partido FRELIMO, porque os moçambicanos estão cansados de tanta brincadeira que o [referido] partido faz relativamente às eleições. Finge que vamos para as eleições, mas já tem resultados pré-fabricados e isso já começa a cansar e já cansou os moçambicanos. Portanto, não é de duvidar que (haja) essas convulsões num possível cenário desastroso em Moçambique, mas tudo por culpa e imputação do próprio partido FRELIMO, que a todo o custo quer se manter no poder. 

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Nádia Issufo
Nádia Issufo Jornalista da DW África