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Eleições em Manica: Oposição rejeita vitória da FRELIMO

Bernardo Jequete (Manica)
15 de outubro de 2024

A vitória do FRELIMO em Manica gerou forte contestação da oposição, que alega fraude e irregularidades no processo eleitoral. RENAMO, MDM e PODEMOS exigem a revisão dos resultados.

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Wahlen in Mosambik 2024
Foto: Bernardo Jequete/DW

Na província de Manica, centro de Moçambique, a Comissão Provincial de Eleições divulgou nesta segunda-feira (14.10) os resultados das eleições presidenciais, legislativas e das assembleias provinciais. Os números indicam uma vitória expressiva de Daniel Chapo e do partido FRELIMO, que obtiveram maioria em todas as categorias. Contudo, a oposição – RENAMO, MDM e PODEMOS – rejeita os resultados, alegando fraude eleitoral.

Os dados revelados mostram que Daniel Chapo conquistou cerca de 66% dos votos na eleição presidencial, enquanto o partido FRELIMO obteve 67% dos votos para a Assembleia da República e 76% para a Assembleia Provincial. Apesar disso, a oposição contesta vigorosamente o processo.

Com cerca de 24% dos votos presidenciais, Venâncio Mondlane, do partido PODEMOS, ficou em segundo lugar, seguido de Ossufo Momade, da RENAMO, com 6%. O MDM, representado por Lutero Simango, obteve 2,64%.

Alegações de fraude

A RENAMO, através do seu mandatário Samuel Macocove, denunciou várias irregularidades e exigiu a anulação das eleições. Segundo Macocove, os delegados do partido foram impedidos de fiscalizar o processo, e houve manipulação das atas eleitorais, incluindo a existência de rasuras.

RENAMO
Ossufo Momade, da RENAMO, ficou com 6%. Foto: Bernardo Jequete/DW

Macocove declarou: "Essa eleição foi uma fachada, uma mera demonstração de que o país mergulha, cada vez mais, nas fraudes eleitorais que perpetuam o poder do atual governo. Portanto, nós não reconhecemos estes resultados."

Além da RENAMO, o partido PODEMOS também expressou preocupações. Serafim Novela, mandatário do partido em Manica, destacou ameaças contra os seus delegados e apagões de energia em alguns distritos. Ele questionou a transparência do processo e indicou que ainda havia distritos sob julgamento por ilícitos eleitorais.

PODEMOS
Com cerca de 24% dos votos presidenciais, Venâncio Mondlane, do partido PODEMOS, ficou em segundo lugar.Foto: Bernardo Jequete/DW

"Os resultados não são satisfatórios", afirmou Novela, "pois os nossos delegados foram ameaçados e enfrentaram dificuldades. Eu não sei de onde saem esses resultados, dado o número de irregularidades que observámos."

Por outro lado, o MDM, representado pela cabeça de lista Elisa Madiris, criticou a invalidação de votos do partido, acusando os presidentes de mesa de anularem os votos do MDM de forma intencional. Madiris sublinhou que o partido ainda está a processar os dados, mas discorda dos resultados.

"Há muitos votos nulos do MDM propositadamente invalidados", afirmou Madiris, frisando que o partido tomará uma posição após a análise detalhada dos números.

Defesa da FRELIMO

Em contrapartida, o FRELIMO defendeu os resultados. Tomás Lucas Chithango, primeiro secretário do partido em Manica, considerou a vitória um reflexo do trabalho realizado ao longo dos últimos cinco anos e da forte campanha eleitoral. "A nossa reação é positiva. O que vimos hoje aqui é de facto a expressão do povo na província de Manica", declarou.

Enquanto o FRELIMO celebra a sua vitória, a oposição continua a lutar por uma revisão do processo eleitoral, alegando que o pleito foi marcado por irregularidades. A situação política em Manica permanece tensa, com acusações e disputas a dominar o cenário.

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