Ramaphosa empossado na quarta-feira para segundo mandato
15 de junho de 2024"O artigo 87.º da Constituição da República da África do Sul estipula que o Presidente deve tomar posse no prazo de cinco dias após a sua eleição pela Assembleia Nacional (...) Por conseguinte, a tomada de posse decorrerá na quarta-feira, 19 de junho de 2024", declarou o porta-voz interino do Governo sul-africano, Nomonde Mnukwa, numa conferência de imprensa em Pretória, este sábado (15.06).
"A tomada de posse oferece-nos uma oportunidade para celebrar os nossos valores democráticos e o nosso sistema de governação", acrescentou.
Mnukwa "encorajou todos os sul-africanos" a seguirem este evento tanto através dos media como pessoalmente, "especialmente as crianças e os jovens, que podem assistir a este evento como parte da construção da coesão social que nos torna especiais como nação".
Na conferência de imprensa participou também a ministra das Relações Internacionais e da Cooperação, Naledi Pandor, que faz parte do comité nomeado pelo Presidente para organizar a sua tomada de posse.
"Os convites foram enviados a vários chefes de Estado e de Governo e estamos a começar a receber as suas respostas", disse, sem revelar o número de dignitários presentes no evento.
"Esperamos que seja um evento maravilhoso com a presença do maior número possível de amigos da África do Sul", acrescentou.
Felicitações internacionais
O Presidente norte-americano, Joe Biden, felicitou este sábado Cyril Ramaphosa pela reeleição como chefe de Estado da África do Sul. Saudando o trabalho coletivo realizado pelos partidos para formar um governo de união nacional, Joe Biden referiu que os Estados Unidos e a África do Sul "prosseguirão a colaboração para expandir as perspetivas económicas, investir em soluções energéticas limpas e demonstrar que a democracia cumpre a palavra".
A presidente da Comissão Europeia também parabenizou o Presidente da África do Sul e instou-o a continuar a fortalecer os laços entre o seu país e a União Europeia (UE). "Com a sua liderança e experiência, a África do Sul está em boas mãos", escreveu Ursula von der Leyen numa publicação divulgada pela rede social X.
O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, enviou uma mensagem ao seu homólogo sul-africano a parabenizá-lo pela reeleição para um segundo mandato e destacou a parceria estratégica entre os dois países. "Apreciamos muito a sua contribuição pessoal para o desenvolvimento de relações de parceria estratégica entre os nossos países, bem como para a interação produtiva entre a Rússia e a África do Sul no âmbito da ONU [Organização das Nações Unidas], do BRICS [grupo que defende que as economias emergentes devem ter mais influência na política internacional], do G20 [Grupo de ministros das Finanças e governadores de bancos centrais das maiores economias] e de outras estruturas multilaterais", lê-se na mensagem de Putin, publicada no 'site' do Kremlin.
Perda da maioria absoluta
Na passada sexta-feira (14.06), a Assembleia Nacional da África do Sul (Câmara Baixa) reelegeu Ramaphosa para liderar o país, apesar de ter perdido a maioria absoluta nas eleições de 29 de maio, horas depois de John Steenhuisen, líder do principal partido da oposição Aliança Democrática (AD, liberal de centro-direita), ter dito numa mensagem à nação que tinha chegado a um acordo com o partido do Presidente para um "governo de unidade nacional".
O partido de Ramaphosa, o histórico Congresso Nacional Africano (ANC), obteve 40,20% dos votos e 159 dos 400 lugares no parlamento, enquanto o PD, herdeiro da liderança política branca que se opôs ao apartheid, obteve 21,81% dos votos e 87 lugares.
O ANC perdeu assim a sua maioria absoluta pela primeira vez desde as eleições de 1994, quando Nelson Mandela se tornou o primeiro presidente negro do país e o regime segregacionista do apartheid (1948-1994) foi abolido.
Depois de ter desempenhado um papel importante nas negociações que conduziram ao desmantelamento do apartheid, de ter sido líder sindical e de ter prosperado no setor privado, Ramaphosa, de 71 anos, chegou à presidência em 2018 com a promessa de mudança para acabar com a corrupção que manchou o mandato do seu antecessor, Jacob Zuma (2009-2018).
No entanto, a sua popularidade diminuiu devido a problemas persistentes como o desemprego (32,9%), a criminalidade, a crise energética com apagões constantes e a extrema desigualdade que ainda pesa sobre a população negra.