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Quem espera por eletricidade em Moçambique, desespera

13 de fevereiro de 2017

Maioria da população não tem eletricidade em casa, apesar de Moçambique gerar energia quanto baste para consumir e exportar. Cidadãos na província de Inhambane (sul) queixam-se da distribuidora nacional EDM.

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Foto: DW/Johannes Beck

Na província moçambicana de Inhambane, tal como no resto do país, menos de um quarto da população tem acesso à rede elétrica. A situação é pior nas zonas rurais.

"Prometeram trazer energia elétrica, mas ainda não cumpriram a promessa", desabafa Adelino Damião.

Há oito anos que este residente do distrito de Panda espera que a empresa pública de Eletricidade de Moçambique (EDM) faça a instalação elétrica. "Até já tem os postes" de eletricidade, comenta Damião. Mas ele e muitos outros continuam à luz das velas em casa.

Moçambique produz mais eletricidade do que necessitaria para consumo interno (aproximadamente 11.000 GWh, segundo os últimos dados do Banco Mundial). Em 2015, por exemplo, só a Central Hidroelétrica de Cahora Bassa (HCB) produziu quase 17.000 GWh de energia. Mas só 4,1% foram vendidos à EDM. A maior parte da eletricidade foi exportada para outros países da África Austral, sobretudo à África do Sul, segundo o relatório anual da HCB.

Cortes de luz

Mesmo quem tem eletricidade em casa sofre com os cortes constantes. "Na minha casa, a energia está muito fraca", lamenta Nene Armando, residente no distrito de Homoíne. "Não consigo utilizar alguns aparelhos porque a carga não é suficiente. Às vezes, o congelador só arranca das 21 horas para a frente. Às 6h, 7h e 8h já não funciona."

Stromleitung Mosambik
Em Moçambique, a eletricidade não chega a todos: linhas de transmissão, como esta em Catandica, Manica, que vem da barragem de Cahora Bassa, abastecem países vizinhos como a África do Sul, sem que as aldeias moçambicanas na vizinha das torres estejam ligadas à rede Foto: DW/J.Beck

As constantes oscilações na corrente elétrica danificam muitos aparelhos, segundo Issufo Badru, coordenador da Rádio Progresso, na cidade de Maxixe. Recentemente, equipamento da estação foi danificado após uma "subida da tensão" elétrica. A distribuidora não pagou, no entanto, qualquer indemnização.

"Em Moçambique, não temos a peça que ficou danificada e temos de a importar. Custa pouco mais de 1500 dólares norte-americanos", afirma Badru. "A EDM disse que não podia indemnizar porque não foi um problema causado pelos trabalhadores da empresa."

Residentes pedem abertura de mercado

Deveria haver no país mais empresas de fornecimento de energia para fazer concorrência à EDM, sugere Agostinho Vilanculo, residente em Maxixe.

Quem espera por eletricidade em Moçambique, desespera

"Hoje, a energia praticamente não tem qualidade", afirma Vilanculo "Em condições normais e se fosse possível para o próprio Estado moçambicano, deveriam ser criadas outras empresas para competir com a que existe. Porque, quando se trata de competitividade, quem prestar melhor serviço sairá a ganhar. Haverá mais desafios entre as empresas e também mais inovação."

A DW África tentou contactar o diretor provincial dos Recursos Minerais em Inhambane e o delegado da EDM, mas não foi possível obter uma reação.