Quénia vota em clima de tensão
8 de agosto de 2017Os quenianos são chamados às urnas esta terça-feira (08.08) para as eleições presidenciais e para escolherem também os novos membros da Assembleia Nacional e do Senado.
O resultado das presidenciais é imprevisível, com os dois principais candidatos, o Presidente cessante, Uhuru Kenyatta, e o rival de longa data, Raila Odinga, a reeditarem um duelo disputado em 2013.
Os principais candidatos na corrida presidencial passaram as últimas horas antes do sufrágio ao lado da família. Numa igreja de Nairobi, Uhuru Kenyatta pediu mesmo intervenção divina para "umas eleições em paz".
Já o líder da oposição Raila Odinga passou as últimas horas antes da eleição ao lado da família e rodeado de netos. "Foi uma boa campanha. Senti que rejuvenesci e regressei à minha juventude", declarou.
Desemprego e pobreza
No Quénia, o desemprego cresce de forma galopante, principalmente entre os jovens, e os preços não param de aumentar. O Produto Interno Bruto (PIB) continua a crescer a um ritmo de 6 a 7%, mas mais de 40% da população ainda vive abaixo da linha da pobreza.
Durante a campanha, os líderes desfizeram-se em promessas, num país em que as eleições são tradicionalmente decididas por sentimentos de pertença étnica.
Tanto Uhuro Kenyatta (kikuyu) como Raila Odinga (luo) construíram duas alianças eleitorais para disputar os votos das cinco principais etnias do país.
Tensão e ansiedade
Nas ruas de Nairobi, a capital, o clima é de tensão e ansiedade, com os cidadãos curiosos para saber quem ficará à frente dos destinos do país.
Nos últimos dias, muitos decidiram verificar nas estações de voto se estão corretamente inscritos e onde têm de votar. Dennis Onyango, um cidadão local, prometeu acordar cedo para ir votar "e andar pelas ruas com um apito para acordar e mobilizar para a votação as pessoas que ainda estiverem a dormir".
Outro cidadão diz que vai acompanhar de perto o processo eleitoral e "até ao último minuto", para garantir que os votos são contados. Um outro habitante ouvido pela DW África mostra-se mais otimista: "As eleições vão correr bem, não haverá violência".
Nos últimos dias, o Governo destacou mais 180 mil efetivos das forças de segurança para evitar a repetição do cenário pós-eleitoral de 2007: o país mergulhou em dois meses de violência que fez mais de 1.100 mortos e 600 mil deslocados, depois da oposição, liderada por Raila Odinga, ter reclamado fraude eleitoral.