Medo de violência na véspera das presidenciais no Quénia
7 de agosto de 2017Cerca de 19 milhões de quenianos são chamados às urnas na terça-feira (08.08) para decidir o destino político do país. O resultado das presidenciais mostra-se imprevisível. Sondagens de opinião antecipam uma luta renhida entre os dois principais candidatos, o Presidente Uhuru Kenyatta e o rival Raila Odinga. Os cidadãos também elegem um novo Parlamento e representantes locais.
Esta segunda-feira (07.08), alguns quenianos armazenaram comida e água, e a polícia preparou kits de emergência, devido ao temor generalizado de que o pleito acabe em violência.
A campanha eleitoral terminou no sábado (05.08). Aos 72 anos, e a concorrer pela quarta vez à Presidência do Quénia, o ex-primeiro-ministro e líder da oposição Raila Odinga reiterou durante a campanha que está a proteger os votos que lhe foram roubados em 2007 e 2013, naquilo a que chamou de fraude eleitoral.
Em Nairobi, no sábado, o candidato da coligação Aliança Super Nacional (NASA, na sigla em inglês) pediu aos eleitores para votarem na mudança.
"O Quénia não progredirá se estes bandidos, que entraram a dizer que são revolucionários, se mantiverem. Esses jovens mostraram que são os verdadeiros inimigos do Quénia. O Presidente Uhuru [Kenyatta] e o vice-Presidente [William] Ruto têm de sair no dia 8 de agosto. Isto é uma revolta pela mudança no nosso país, e essa renovação chegará na terça-feira," disse.
Troca de acusações
O Presidente e o vice-Presidente rejeitam as alegações da oposição e acusam-na de preparar a opinião pública para a rejeição da vitória da Jubilee, a coligação atualmente no poder no Quénia.
Para Uhuro Kenyatta, o último dia de campanha eleitoral culminou com a inauguração da maior infraestrutura do país, uma linha ferroviária ultramoderna entre Nairobi e Mombaça.
Perante uma multidão no centro do país, Kenyatta pediu a realização de um sufrágio pacífico e salientou os progressos na vida dos quenianos nos últimos anos.
"A linha férrea passará por aqui, em Nakuru. Em Naivasha, iremos construir um parque industrial - uma zona económica especial que criará emprego para os nossos jovens. Vocês, os moradores de Nakuru, são agricultores. Antes do Governo da Jubilee chegar ao poder, um saco de fertilizantes custava 2.800 xelins quenianos. Agora, podem comprar um saco por apenas 1.800 xelins, e no final do ano, o preço baixará ainda mais para os 1.200 xelins," prometeu o atual Presidente do Quénia.
Histórico de violência
Na mente dos quenianos estão ainda frescos os acontecimentos após as eleições gerais de 2007. O país mergulhou em dois meses de violência que resultou em mais de 1.100 mortos e 600 mil deslocados, depois da oposição, liderada por Odinga, ter reclamado ser vítima de fraude eleitoral.
Este ano, a campanha eleitoral decorreu com normalidade até ao ataque à residência do vice-Presidente, William Ruto, e ao anúncio do assassinato de Christopher Msando, supervisor da Comissão Eleitoral queniana, cujo corpo foi encontrado com marcas de tortura numa floresta de Nairobi, no dia 29 de julho.
A possibilidade da ocorrência de tumultos no período pós-eleitoral já levou o Governo a destacar mais de 180 mil efetivos das forças de segurança em todo o país. Entretanto, Beatrice Sakimuli, da Comissão Eleitoral queniana, garante que está tudo a postos para as eleições de terça-feira.
"Em termos de preparativos, estamos totalmente prontos. Temos todos os materiais estratégicos eleitorais, temos todos os oficiais necessários, treinámo-los e, por conseguinte, estamos prontos para o dia oito de agosto," garantiu