PRS da Guiné-Bissau recusa integrar novo Governo
29 de setembro de 2015O Partido da Renovação Social (PRS), fundado pelo ex-presidente guineense já falecido Kumba Ialá, recebeu um convite formal do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) para integrar o executivo de Carlos Correia, mas a iniciativa foi rejeitada “quase que de forma unânime pela Comissão Política", segundo disse à imprensa em Bissau Victor Pereira, porta-voz do PRS.
Dos 83 elementos presentes na reunião, 78 votaram contra a entrada no Governo, um votou a favor e dois abstiveram-se, indicou Victor Pereira, adiantando que o partido considera "insuficientes as condições" apresentadas pelo PAIGC.
Na segunda-feira (28.09), a Comissão Política da segunda maior força política na ANP, decidiu demarcar-se do governo de Carlos Correia por não concordar com as propostas do PAIGC.
"Propostas do PAIGC não foram claras"
Segundo Vitor Pereira as propostas não foram claras e acusa o PAIGC de tentar imiscuir-se nos assuntos internos dos Renovadores."As insuficiências demonstradas nas propostas não satisfazem minimamente aquilo que entendemos que de facto preenchem os requisitos mínimos para o PRS integrar o Governo. Por exemplo, a falta de transparência manifestada nas propostas que ninguém sabe os conteúdos. Por outro lado, há uma tentativa de ingerência na nossa própria autonomia".
Acusações que já foram respondidas pelo Presidente do PAIGC, Domingos Simões Pereira. "Só posso lamentar o facto de talvez algumas franjas dentro desses partidos interpretarem mal a vontade do PAIGC de promover uma governação inclusiva".
Atualmente, o presidente do PAIGC, Domingos Simões Pereira está a manter reuniões com o Partido da Renovação Social (PRS) e a chamada oposição interna no seio do seu partido para garantir uma governação inclusiva.
Domingos Simões Pereira esteve reunido esta terça-feira (29.09) com o líder do PRS, membros do seu partido que são também conselheiros do Presidente da República e o Presidente da Assembleia Nacional Popular, Cipriano Cassamá para negociar as possíveis coabitações internas no PAIGC, disse ainda o presidente do partido. "Temos conversado com todos, temos esforçado no sentido de garantirmos a tranquilidade para os guineenses e termos uma governação que se concentre no essencial".
Novo Governo poderá ser anunciado brevemente
Questionado para quando vai ser conhecido o novo elenco governamental, Domingos Simões, limitou-se apenas a dizer que está a trabalhar neste sentido."Estamos a fazer o nosso melhor e penso que muito brevemente será divulgado um comunicado que dará conta desses esforços e dos passos seguintes".
Entretanto, os guineenses continuam sem saber quando é que um novo governo poderá assumir a gestão do país.
Recorde-se que a Guiné-Bissau está sem governo desde 12 de agosto último, na sequência da demissão do executivo que era liderado por Domingos Simões Pereira.
Parlamento alarga prazo para averiguar denúncias feitas pelo PR
O Parlamento da Guiné-Bissau deu mais 45 dias à comissão de inquérito que está a averiguar as denúncias de corrupção com que o Presidente, José Mário Vaz, justificou a demissão do Governo a 12 de agosto.
Segundo o presidente do Parlamento, Cipriano Cassamá, afirma que, por deliberação da comissão permanente, foi aumentado o prazo para permitir que a comissão "conclua sem constrangimentos de ordem temporal os seus trabalhos".
A comissão que está a averiguar as denúncias fez saber ao Parlamento que, tendo-se deparado "com um grande volume de matérias", aliado "à complexidade dos assuntos", serão necessários mais dias até que se possa pronunciar.
A comissão está mandatada para recolher documentação nos ministérios e departamentos estatais e auscultar qualquer responsável considerado determinante para o apuramento da verdade.As áreas visadas são a exploração dos recursos florestais, nomeadamente a madeira, contratos de extração de areias pesadas, pesca, entre outras.
Recorde-se que Presidente da República afirmou no discurso à Nação, a 12 de agosto, horas antes de demitir o Governo eleito, que, entre outros, existiam sinais de corrupção, peculato e nepotismo por parte dos membros do Executivo.