Professores em greve querem demissão do ministro do Ensino Superior de Angola
27 de setembro de 2013Já passaram duas semanas desde que os professores universitários decretaram greve em Angola. Os salários e as condições de trabalho são as principais motivações de um caderno reivindicativo apresentado há mais de um ano, pelos docentes do ensino superior em Angola.
Os docentes queixam-se de terem sob a sua responsabilidade a coordenação das cinco regiões académicas do país, criadas pelo Conselho de Ministros.
O secretário nacional do Sindicato Nacional de Professores do Ensino Superior (SINPES), Eduardo Peres Alberto, afirmou que as coisas continuam na mesma. Nas suas palavras "nem água vem, nem água vai".
O dirigente sindical afirma que o ministério do Ensino Superior se recusa a dialogar com o sindicato e a responder aos seis pontos do conjunto de reclamações, dos 5.000 sindicalizados em todo o país. Entre eles, estão professores catedráticos, titulares, auxiliares e alguns colaboradores.
Exigência de exoneração
Por esta razão, os filiados recomendaram ao SINPES a apresentação, em breve, de uma Carta Magna assinada pelos docentes e que apela ao Presidente da República, José Eduardo dos Santos, a nomeação de um interlocutor do ensino superior alternativo para as negociações.
Uma das exigências é a exoneração do ministro do Ensino Superior, Adão do Nascimento. Peres Alberto conta que, "há uma recomendação, na Carta Magna que já foi elaborada, que requer a demissão do senhor ministro por falta de visão e por incapacidade".
O secretário nacional do sindicato diz que principalmente no interior, as reitorias de algumas universidades passaram para a intimidação aos professores devido à continuidade da greve.
Os sindicalizados descrevem ameaças como a baixa de categoria ou descontos salariais. Esclarecimentos em sentido contrário estariam travando a desmobilização dos docentes à greve.
A adesão à greve nas universidades públicas do país é superior aos 70%, com excepção de alguns professores colaboradores, que prestam serviço a outras instâncias do Governo, que se fazem presentes nas faculdades. Peres Alberto afirma que "os professores declaram fidelidade à greve".
Os prejudicados são os alunos
Numa ronda efetuada pela DW África, em algumas faculdades em Luanda, recorrentemente encontrou-se cartazes com a frase "Estamos em greve".
Na incerteza de terem ou não aulas, os estudantes seguem para as faculdades expectantes. Sentem-se profundamente prejudicados, não só a nível pedagógico, como nas despesas que têm que assumir na sua deslocação para a faculdade, nesta que é uma das cidades mais caras do mundo - Luanda.
Entrevistados pela DW África, são categóricos no apelo por um acordo breve entre as partes discordantes. Uma estudante revoltada conta que "uma pessoa percorre distâncias e até agora não temos aulas. Não sei o que se pode fazer", conclui.
Outro estudante, também descontente, relata que "realmente as aulas estão paralizadas" e acrescenta que os prejudicados são os estudantes porque "o ano letivo já é reduzido e não sabemos como será para fazermos as provas até ao final do ano".
O Sindicato Nacional de Professores do Ensino Superior e o ministério do Ensino Superior continuam de costas voltadas. Os docentes pedem a intercepção do Presidente da República para a exoneração imediata do atual ministro para assim abrir as portas ao diálogo.