Presidente do Togo sob pressão
11 de setembro de 2017O Parlamento do Togo poderá discutir na terça-feira (12.09) uma reforma constitucional, após vários dias de protestos na semana passada. Centenas de milhares de togoleses foram para as ruas em diversas cidades pedir a demissão do Presidente Faure Gnassingbé e a limitação do número de mandatos do chefe de Estado.
Na capital Lomé, as manifestações ocorreram de forma pacífica na quarta-feira, mas as forças de segurança reprimiram os protestos nos dias seguintes. Mais de 80 pessoas foram detidas entre quinta e sexta-feira. Grupos de direitos humanos afirmaram no domingo que todos os presos foram libertados, embora não houvesse confirmação oficial das autoridades.
A situação terá estabilizado no fim-de-semana. Segundo a agência de notícias France Presse, depois da violência policial, as ruas de Lomé estavam calmas. Os serviços de internet móvel foram interrompidos.
Dúvidas da oposição
O Presidente Faure Gnassingbé está no poder desde 2005, quando morreu o seu pai, Gnassingbé Eyadéma. A família Gnassingbé está no poder desde 1967, após um golpe militar.
Na terça-feira passada, o Conselho de Ministros aprovou um projeto-lei para limitar os mandatos presidenciais. E após os protestos, o Parlamento prometeu discutir nesta semana mudanças na Constituição.
Mas a oposição togolesa não acredita que o Parlamento altere realmente a Constituição e desconfia que esta é mais uma estratégia do Governo. "Não estamos à espera de nada. Ainda não conhecemos os detalhes da legislação. Nesta altura, é difícil falar sobre isso", disse Eric Dupuy, porta-voz da coligação da oposição CAP 2015 em entrevista à AFP.
Na Alemanha, o político togolês Clement Klutse, que fugiu do Togo há 20 anos, também não confia no Executivo: "Todos sabem que esse Governo tem manipulado as pessoas", afirma. "O mesmo Governo levou este projeto-lei ao Parlamento há dois anos, mas o projeto foi rejeitado pelos seus deputados. Agora, sob pressão da oposição, pretendem levar esta lei de volta ao Parlamento, mas a população quer a renúncia do Presidente".