Polícias moçambicanos detidos por envolvimento em rapto
7 de junho de 2022A porta-voz do Serviço Nacional de Investigação Criminal (Sernic), Enina Tsinine, afirmou, em conferência de imprensa, que os agentes sequestraram dois irmãos, mantendo-os em cárcere privado durante quatro dias, tendo-os libertado após receberem dez mil meticais (146 euros), cada.
Os detidos exigiam um total de 100 mil meticais (1.466 euros), não tendo conseguido esse valor, depois de "muitas negociações com a família", avançou Tsinine.
Os implicados esconderam as vítimas numa residência da cidade de Nampula, capital da província com o mesmo nome, acrescentou.
Além dos dois agentes da UIR, o sequestro contou com a participação de mais três pessoas, que também estão presas, adiantou a porta-voz do Sernic.
Onda de raptos
Algumas cidades moçambicanas, principalmente capitais provinciais, voltaram a ser assoladas desde 2020 por uma onda de raptos, visando principalmente empresários ou seus familiares, mas neste caso não se tratou de pessoas abastadas e sim oriundas de bairros pobres.
Numa avaliação sobre a criminalidade, apresentada no início de junho, a procuradora-geral da República de Moçambique, Beatriz Buchili, referiu que os crimes de rapto têm vindo a aumentar e os grupos criminosos têm ramificações transfronteiriças, mantendo células em países como a África do Sul.
De acordo com Beatriz Buchili, foram registados 14 processos-crime por rapto em 2021, contra 18 em 2020, mas há outros casos que escapam à contabilidade oficial, sendo que na maioria o desfecho é desconhecido.
Em novembro de 2021, a Polícia da República de Moçambique (PRM) lançou a formação de uma força mista para responder a este tipo de crime, um grupo de oficiais que vão ser capacitados por especialistas ruandeses.