Dois mortos em protestos contra militares no Sudão
2 de janeiro de 2022Com estas duas vítimas fatais durante os protestos deste domingo (02.01) no Sudão, eleva-se para 56 o número de mortos em manifestações contra os militares desde um golpe de estado, em 25 de outubro, segundo avançou o Comité Central dos Médicos Sudaneses.
Ainda segundo o comité dos médicos, o primeiro homem tinha cerca de vinte anos e morreu com ferimentos na cabeça, na capital, Cartum; enquanto o segundo homem morreu após ser vítima de tiros no peito, em Omdurman.
Não comentaram mortes
As forças de segurança ainda não comentaram as mortes, mas este domingo foi a 12ª ronda de grandes protestos desde o golpe.
Foi disparado gás lacrimogéneo contra os manifestantes em Cartum, que marchavam em direção ao palácio presidencial, segundo mostram as imagens de televisão.
A internet e serviços móveis foram cortados na cidade antes dos protestos, disseram testemunhas à agência noticiosa Reuters. Mas algumas pessoas conseguiram publicar imagens nas redes sociais, mostrando protestos em várias outras cidades.
Pontes ligando diretamente outras vilas e cidades a Cartum também foram encerradas, disse outra testemunha à Reuters.
Corte na internet
Em ocasiões recentes, quando as comunicações foram interrompidas, fontes nas empresas de telecomunicações disseram à Reuters que as autoridades ordenaram corte nos seus serviços. Os funcionários não puderam ser imediatamente contactados neste domingo (02.01) para comentar este fato.
Os militares tomaram o poder num golpe de Estado, em 25 de outubro, que pôs fim a um acordo de partilha de poder com as forças políticas civis.
Este acordo, de 2019, deveria preparar o caminho para uma transição governo e eventualmente eleições após o derrube de líder de longa data de Omar al-Bashir.
Os protestos contra o domínio militar têm continuado mesmo depois de Abdallah Hamdok ter sido reintegrado como primeiro-ministro, no mês passado, com manifestantes a exigir que os militares não desempenhem qualquer papel no Governo durante a transição para eleições livres.
TV Al Hadath
Na última quinta-feira (30.12), seis pessoas morreram e centenas ficaram feridas em todo o país durante as manifestações.
A TV Al Hadath citou um conselheiro do líder militar Abdel Fattah Al-Burhan na quinta-feira a dizer que os militares "não permitiriam a qualquer um puxar o país para o caos" e que os protestos são uma "drenagem física, psicológica e mental sobre o país" e "não conseguiriam uma solução política".
O conselho soberano do Sudão, que Burhan lidera, denunciou, na sexta-feira (31.12), a violência que acompanhou os protestos do dia anterior, acrescentando que tinha ordenado às autoridades que tomassem todas as providências legais para evitar uma recorrência, e afirmou que "ninguém sairia impune".