Parlamento Europeu destitui líder suspeita de corrupção
13 de dezembro de 2022A vice-presidente do Parlamento Europeu, Eva Kaili, foi destituída do cargo nesta terça-feira (13.12) devido às suspeitas do seu envolvimento num escândalo de corrupção que envolve o Catar.
A medida foi aprovada com 625 votos a favor, apenas um voto contra e duas abstenções, apesar de a defesa da eurodeputada socialista grega alegar que Kaili é inocente e "não tem nada a ver com os subornos do Catar".
A presidente do Parlamento, a conservadora maltesa Roberta Metsola, convocou a votação depois de chegar a acordo com os líderes dos grupos políticos em Estrasburgo, que receiam que o escândalo se alastre.
Eurodeputada detida
Eva Kaili encontra-se detida, assim como outros três suspeitos. Esta quarta-feira (14.12), a Justiça belga decidirá se os quatro permanecerão sob custódia enquanto aguardam julgamento.
A eurodeputada foi detida na semana passada durante uma série de rusgas realizadas pelas autoridades belgas às casas e escritórios de vários políticos e dos seus assistentes ou associados.
Escândalo de corrupção
De acordo com estas investigações, 600 mil euros foram encontrados na casa de um suspeito, 150 mil euros no apartamento de um membro do Parlamento Europeu e várias centenas de milhares de euros numa mala num quarto de hotel.
Alguns destes "sacos de dinheiro" foram encontrados na casa de Kaili, disse uma fonte judicial, levando a Justiça a concluir que, como ela foi aparentemente apanhada em flagrante delito, a sua imunidade parlamentar não se aplicaria à acusação.
Segundo uma fonte judicial belga, os investigadores acreditam que representantes da monarquia do Catar estariam a pagar aos políticos europeus para melhorar a imagem do país.
Ligações com o Catar
O Catar fornece energia à Europa e serve de intermediário em vários impasses diplomáticos, mas também tem sido acusado de maus-tratos infligidos aos trabalhadores migrantes, mais notoriamente aqueles que construíram os estádios do Mundial de Futebol.
Kaili visitou o Catar pouco antes da competição e disse que era um "líder em direitos laborais", para consternação de ativistas e de alguns dos seus colegas do Parlamento Europeu. A eurodeputada também defendeu a isenção de vistos da União Europeia para os cidadãos do Catar.
O Catar nega qualquer envolvimento no escândalo de corrupção europeu. "Quaisquer alegações de má conduta por parte do Estado do Catar são gravemente mal informadas", disse uma funcionária à agência de notícias AFP.
"Não estou a confirmar ou a negar"
O advogado de Kaili, Michalis Dimitrakopoulos, disse ao canal privado de televisão grego Open TV que a eurodeputada "está inocente. Não tem nada a ver com os subornos do Catar".
Questionado sobre se foi encontrado dinheiro na residência de Kaili, Dimitrakopoulos disse: "Não estou a confirmar ou a negar. Existe confidencialidade. Não faço ideia se foi encontrado dinheiro ou quanto é que foi encontrado".