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PolíticaSenegal

O que esperar do novo Presidente do Senegal?

26 de março de 2024

O opositor Bassirou Diomaye Faye venceu as eleições presidenciais de domingo e promete muitas mudanças.

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Bassirou Diomaye Faye, o Presidente eleito do Senegal
Foto: Luc Gnago/REUTERS

O opositor senegalês Bassirou Diomaye Faye fez anos na segunda-feira (25.03). Como prenda de aniversário, venceu as eleições presidenciais.

Com a taxa de desemprego no Senegal a rondar os 20%, com a pobreza no país e a perseguição a opositores, os eleitores decidiram, no domingo (24.03), que é tempo de virar a página.

Macky Sall vai sair da Presidência após completar os dois mandatos previstos na Constituição, e o candidato do regime perdeu. Agora, aos 44 anos de idade, acabados de comemorar, o Presidente eleito Diomaye Faye promete mudanças.

"Os senegaleses decidiram romper com o passado", declarou Faye esta segunda-feira (25.03). "Prometo governar com humildade e transparência, e combater a corrupção a todos os níveis."

As reformas que Faye quer fazer

Bassirou Diomaye Faye era, até há bem pouco tempo, um ilustre desconhecido do grande público. Foi inspetor de impostos. Depois do líder da oposição Ousmane Sonko ser afastado da corrida presidencial, Sonko indicou Faye para prosseguir o seu projeto de "mudança".

Sonko referiu até que Faye é "mais honesto" do que ele próprio. "Confio este projeto nas suas mãos", acrescentou.

Amadou Ba (esq.), o candidato apoiado pelo Presidente Macky Sall, saiu derrotado das eleições presidenciais
Ex-primeiro-ministro Amadou Ba (esq.), o candidato apoiado pelo Presidente Macky Sall, saiu derrotado das eleições presidenciaisFoto: SEYLLOU/AFP/Getty Images

A lista de reformas prometidas por Bassirou Diomaye Faye é grande – inclui um combate ao "hiper-presidencialismo", prevendo limitar os poderes do chefe de Estado, e prevê melhorias no acesso aos alimentos, a renegociação de contratos de petróleo e gás do Senegal e a introdução de uma nova moeda em substituição do franco CFA.

Faye considera-se um pan-africanista. Por isso, quer reforçar a integração dentro da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental: "Apelo às nossas irmãs e irmãos africanos que trabalhem em conjunto para consolidar as conquistas no processo de integração na CEDEAO, corrigindo fraquezas e mudando certos métodos, estratégias e prioridades."

Isso significará, por outras palavras, reformar a CEDEAO, uma organização que vive tempos turbulentos desde os golpes de Estado no Níger, Burkina Faso e Mali, países que, na arena internacional, se distanciaram da antiga potência colonial, a França, e se aproximam da Rússia.

E o que acontecerá a Sonko?

Mas para tudo é preciso tempo, dizem os analistas: a conjuntura internacional é delicada e, antes de grandes mudanças no Senegal, será preciso primeiro sentar e organizar ideias.

Poderá o opositor Ousmane Sonko, o mentor de Faye, integrar a equipa do Presidente eleito?

O líder da oposição senegalesa, Ousmane Sonko, esteve detido até 14 de março. Foi condenado por um crime sexual e por incitamento à insurreição e associação criminosa
O líder da oposição senegalesa, Ousmane Sonko, esteve detido até 14 de março. Foi condenado por um crime sexual e por incitamento à insurreição e associação criminosaFoto: Muhamadou Bittaye/AFP

Ismaila Diak, jurista da Fundação alemã Friedrich Ebert em Dakar, diz que seria uma traição ao eleitorado senegalês não incluir Sonko no futuro político do país.

"O contrato social que eles têm com os senegaleses é o de poderem levar a cabo um projeto. Portanto, é evidente que Ousmane Sonko tem de estar no centro do sistema", afirmou o jurista em declarações à DW.

Uma das reformas prometidas por Faye é criar a função de vice-Presidente. Especula-se agora que Ousmane Sonko possa ocupar esse cargo.