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PolíticaSenegal

Senegal: Candidato do regime reconhece vitória de Faye

Lusa
25 de março de 2024

O antigo primeiro-ministro e candidato do partido no poder no Senegal, Adamou Ba, reconheceu a vitória do opositor Bassirou Diomaye Faye na primeira volta das eleições presidenciais de domingo.

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Senegal | Bassirou Diomaye Faye
Bassirou Diomaye Faye apresentou-se como uma figura antissistemaFoto: SEYLLOU/AFP

"Tendo em conta a evolução dos resultados das eleições presidenciais e enquanto se aguarda a proclamação oficial, felicito (...) Bassirou Diomaye Diakhar Faye pela sua vitória na primeira volta", declarou Adamou Ba em comunicado.

O porta-voz do Governo, Abdou Karim Fofana, afirmou que Ba tinha telefonado ao seu adversário para o felicitar.

Sete milhões de senegaleses foram chamados às urnas no domingo para escolher o Presidente numa eleição em que os seus maiores protagonistas não vão a votos e pode resultar numa mudança profunda nas relações externas do país, regionais e internacionais.

Entre os 16 homens e uma mulher inscritos no boletim de voto, os dois favoritos - Bassirou Diomaye Faye, pela oposição, e Amadou Ba, pela coligação no poder, Benno Bokk Yakaar (BBY, Unidos pela Esperança, em wolof) - foram escolhas pessoais de duas individualidades políticas excluídas do escrutínio: o Presidente cessante, Macky Sall, e o líder da oposição, Ousmane Sonko.

Bassirou Diomaye Faye apresentou-se como uma figura antissistema, tendo sido a figura escolhida pelo Patriotas Africanos do Senegal para o Trabalho, a Ética e a Fraternidade (Pastef, partido ilegalizado em meados do ano passado pelo regime de Macky Sall), para representar a oposição, perante a impossibilidade de Sonko, 49 anos, antigo presidente da câmara de Zeguinchor, concorrer.

Eleições no Senegal
Dezasseis homens e uma mulher disputam no domingo a preferência de mais de 7 milhões de senegalesesFoto: Marco Longari/AFP

Ousmane Sonko foi perseguido ao longo do último ano pela justiça senegalesa, que o condenou por um crime sexual, mas também por incitamento à insurreição, associação criminosa no âmbito de um projeto terrorista e atentado à segurança do Estado.

Sonko e Faye estiveram detidos até há pouco mais de duas semanas, tendo apenas sido libertados na sequência de uma amnistia assinada por Macky Sall, depois de defraudada pelo Conselho Constitucional senegalês, a entidade responsável por supervisionar o processo eleitoral, a tentativa para adiar estas eleições para dezembro.

A dupla Sonko/Faye prometeu, caso seja poder, renegociar os contratos de exploração mineira e de energia que farão do Senegal um produtor de petróleo e gás natural a partir do final do ano.

Amadou Ba, primeiro-ministro até há pouco mais de duas semanas, foi a segunda escolha de Macky Sall - impedido constitucionalmente de se recandidatar a um terceiro mandato -, para empunhar a bandeira da BBY na corrida à eleição do quinto presidente do país desde a sua independência de França em 1960.

"Esta é uma vitória da democracia senegalesa"

O Presidente cessante do Senegal, Macky Sall, felicitou Bassirou Diomaye Faye pela vitória na primeira volta das eleições.

Macky Sall "congratula-se com o bom desenrolar das eleições" e "felicita Bassirou Diomaye Faye, que as tendências indicam ser o vencedor", publicou nas redes sociais.

"Esta é uma vitória da democracia senegalesa", acrescentou.

As declarações de Ba e do Presidente cessante abrem o caminho para a Presidência a Faye, um inspetor de impostos de 44 anos, até há pouco tempo desconhecido do grande público.

Enquanto se aguarda a publicação dos resultados oficiais provisórios pela Comissão Eleitoral Nacional Autónoma (CENA), as estimativas de voto apontam para uma vitória esmagadora do líder da oposição, que obteria mais de 50% dos votos necessários para evitar uma segunda volta.

Os resultados da CENA devem ainda ser validados pelo Conselho Constitucional, a mais alta autoridade eleitoral do país.

A votação estava inicialmente prevista para 25 de fevereiro, mas um adiamento de última hora provocou distúrbios e várias semanas de confusão que puseram à prova as práticas democráticas do Senegal.

Artigo atualizado às 17h43 (UTC)

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