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Nova manifestação em Luanda convocada para Agosto

21 de julho de 2011

Está prevista uma nova manifestação na capital angolana, a 26 de agosto, a quarta convocada este ano. Os jovens ativistas têm quebrado paradigmas na sociedade, considera o analista político Celso Malavoloneque.

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As precárias condições de vida em Angola estão na origem da convocação de nova manifestaçãoFoto: picture-alliance/ZB

A precariedade das condições de vida como os baixos salários, a fome ou a falta de água e de luz, em Angola, estão na origem da manifestação convocada pelo Movimento Revolucionário de Intervenção Social.

Os jovens angolanos estão, uma vez mais, na linha da frente dos protestos. O primeiro deles, este ano, estava marcado para 7 de março, mas nunca chegou a acontecer, de facto, pois as pessoas que estavam no local da manifestação, incluindo jornalistas, foram detidas. Depois a 2 de abril, o governo angolano autorizou, pela primeira vez, uma manifestação. Mas deu um passo atrás quando foram detidos manifestantes, novamente, a 25 de maio.

Por isso, paira a dúvida sobre o direito de as pessoas se manifestarem a 26 de Agosto. Celso Malavoloneque acredita que, em Angola, “o governo já compreendeu que só perde, politicamente falando e em termos de imagem projetada internacionalmente, considerando-se no direito, que não tem, de autorizar ou reprimir uma manifestação pacífica”. Por outras palavras, o analista angolano considera que a manifestação deverá ter condições para se realizar.

Jovens revolucionários e respeitados

O trilho dos protestos contra as condições de vida em Angola tem sido desbravado por jovens inconformados, que não baixam os braços, apesar das tentativas de repressão e mesmo das ameaças contra alguns. Nesse sentido, Malavoloneque refere à Deutsche Welle que os jovens têm tido um “papel muito importante na história da democracia do país” devido ao facto de “obrigar, entre aspas, as autoridades a habituarem-se a ver pessoas a manifestarem-se. (…) Isto já começa a ser visto como algo normal, o que é mérito indiscutível da ação destes jovens”.

Celso Malavoloneque pensa que na sociedade angolana há um antes e um depois de 7 de março, data em que estava prevista a primeira manifestação que foi reprimida este ano. Isto porque a partir de então, os jovens ativistas “quebraram alguns paradigmas” e o direito à manifestação voltou à ordem do dia, explica o analista político angolano.

Por isso mesmo, esses jovens irreverentes “têm merecido o respeito da sociedade”. Depois do medo, veio o interesse e a curiosidade, e agora “existe uma sensação que houve um ganho social”, de todos, em relação aos gritos de protesto.

Luanda Angola
A marginal de Luanda, capital de Angola onde nova manifestação foi convocada para o próximo dia 26 de agostoFoto: picture-alliance / Jorn Stjerneklar / Impact Photos

Manifestação não é ameaça

A sede de manifestações em Angola, ou “manifestomania” como designa Malavoloneque, começou a dar sinais mais fortes com as convulsões no norte de África, em particular no Magrebe. Por outro lado, as autoridades deram de imediato sintomas “manifestofobia”, que contudo têm diminuído, diz o analista.

Afastando a hipótese de o governo angolano estar mais tolerante, Celso Malavoloneque crê que “as autoridades começam a perceber que o ato de manifestar não é nenhuma ameaça à segurança do estado, mas pelo contrário, o exercício de um direito do cidadão protegido constitucionalmente”.

Esse direito é agora reivindicado pelo Movimento Revolucionário da Intervenção Social, que terá já informado as autoridades competentes sobre a manifestação do próximo dia 26 de agosto. Deverá realizar-se em Luanda, em frente à Assembleia Nacional.

Autora: Glória Sousa
Revisão: António Rocha

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