Nigéria: consternação e luto depois da morte de engenheiro alemão raptado em Janeiro
1 de junho de 2012Consternação, luto, sentimento de impotência - é assim que foi recebida na Alemanha a notícia da morte do engenheiro alemão raptado em janeiro na Nigéria. Ele foi executado na quinta-feira pelos seus raptores durante um ataque das forças de segurança para o libertar em Kano, no norte do país, indicaram fontes da segurança nigeriana.
Alemão morto quando forças de segurança tentavam libertá-lo
Soldados "realizaram um ataque ao esconderijo onde ele foi detido pelos seus raptores. Houve um tiroteio e os captores (...) utilizaram explosivos, mas foram dominados. Percebendo que era o seu fim, eles mataram o refém", adiantou um porta-voz das forças de segurança negerianas.
Edgar Fritz Raupach foi sequestrado a 26 de janeiro nos arredores de Kano, onde trabalhava para a empresa de construção Bilfinger und Berger.
No final de março, as forças de segurança da Nigéria detiveram em Kano cinco homens, entre os quais um mauritaniano, suspeitos de ligação à Al-Qaida do Magrebe Islâmico - AQMI - e de envolvimento no rapto.
A AQMI disse em março que tinha o alemão e que o queria trocar por uma mulher muçulmana detida na Alemanha.
Três cidadãos ocidentais mortos em apenas dois meses
Acaba assim - da pior forma - um caso que vinha a ser acompanhado pelas autoridades alemãs e nigerianas. Não é um caso único: Raupach é o terceiro cidadão ocidental, morto nos últimos dois meses e muitos outros cidadãos de países ocidentais foram raptados nos últimos tempos: alguns exemplos: segundo fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros italiano, um engenheiro italiano foi raptado "nos últimos dias" em Kwara, no centro ocidental da Nigéria. A 8 de março, dois reféns, um italiano e um britânico, foram mortos num controverso assalto para os libertar em Sokoto, no extremo noroeste da Nigéria, onde estavam detidos desde maio de 2011.
Nigerianos também se sentem inseguros
Aumenta - pois - o medo não só entre os estrangeiros que viajam à Nigéria em negócios ou noutras missões, mas também entre grande parte dos 160 milhões de nigerianos que temem que o país se afunde cada vez mais no caos instalado em certas regiões do país.
Recorde-se que nos primeiros cinco meses do corrente ano, mais de 300 pessoas, sobretudo nigerianos, perderam a vida na sequência de atentados perpetrados pela seita islamista Boko Haram, organização que tem ligações com a AQMI e que goza de uma certa simpatia entre uma minoria de cidadãos pobres e desempregados no norte do país. Consequência: muitos cristãos sentem-se inseguros e decidem fugir do norte para o sul da Nigéria.
O Estado nigeriano tem-se mostrado incapaz de pôr fim à violência. O próprio presidente Goodluck Jonathan admitiu que os aparelhos policial, militar e secreto podem ter elementos do Boko Haram nas suas fileiras.
O ataque de quinta-feira, perpetrado pelos serviços de segurança nigerianos, contra o esconderijo dos extremistas da AQMI, que tinham raptado o cidadão alemão, foi mais uma ação fracassada e que terá custado a vida a Edgar Fritz Raupach.
Autor: António Cascais
Edição: António Rocha