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Cinco feridos a tiro após polícia dispersar manifestantes

Lusa | cm
27 de outubro de 2024

Pelo menos cinco pessoas ficaram feridas em Mecanhelas, província de Niassa, após tiros da polícia para dispersar manifestantes pró-Venâncio Mondlane que se aproximaram de um comício com apoiantes da FRELIMO.

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Protesto em Moçambique
Polícia disparou para dispersar manifestantes pró-Venâncio Mondlane que se aproximaram de um comício da FRELIMO (imagem ilustrativa)Foto: Alfredo Zuniga/AFP

De acordo com Angelina Cuaela, porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM) na província moçambina de Niassa, os tumultos aconteceram depois das 10:00 de sábado (26.10), quando “simpatizantes do partido PODEMOS”, que apoia o candidato presidencial Venâncio Mondlane, “deslocaram-se às ruas, manifestando-se”.

Acrescenta que chegaram a colocar pneus a arder numa ponte e que de “seguida deslocararam-se ao local onde o partido FRELIMO estava a realizar o seu comício e atiram pneus com fogo”, levando à intervenção da polícia.

“Nessa intervenção atingiram cinco pessoas com balas perdidas”, admitiu Angelina Cuaela.

Vídeos que circulam nas redes sociais do momento da intervenção mostram algumas dezenas de manifestantes com gritos de apoio a Venâncio Mondlane, a algumas dezenas de metros onde apoiantes da FRELIMO festejavam os resultados eleitorais anunciados esta semana.

Os mesmos vídeos mostram depois uma sequência de disparos que colocam em fuga os manifestantes.

“A polícia estava no terreno a fazer a proteção”, explicou a porta-voz da PRM em Niassa.

"Cenário típico de guerra"

O Centro de Integridade Pública (CIP) fala em "sete simpatizantes do PODEMOS baleados" na sequência deste incidente que carateriza como "um cenário típico de guerra".

Num boletim, a ONG diz que duas pessoas ficaram "em estado grave" tendo sido transferidas "para Cuamba, a segunda cidade mais importante de Niassa".

"No vídeo, feito pelos membros da FRELIMO, não apenas se vêm as suas celebrações, quando a Polícia disparava sequências de tiros contra os elementos do PODEMOS, como também se ouvem vozes a dizer: 'um foi baleado ali', 'balearam aquele', 'está mal', 'há-de morrer aquele'. Estavam-se a
celebrar baleamentos de simpatizantes do PODEMOS", pode ler-se ainda no boletim do CIP.

Telemóveis de jornalistas confiscados

O Centro de Integridade Pública denuncia ainda que quatro jornalistas viram os seus telemóveis confiscados pela Polícia durante a cobertura da confusão em Mecanhelas. 

"Os quatro jornalistas foram levados para o gabinete do diretor do Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC), onde estava também o director distrital do Serviço de Informações e Segurança do Estado (SISE). Foram obrigados a apagar as imagens, mas recusaram-se. Mais tarde acabaram sendo-lhes devolvidos os seus instrumentos de trabalho sem qualquer imagem apagada", escreve o CIP.

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