MPD vence eleições autárquicas em Cabo Verde
2 de julho de 2012
Nas eleições autárquicas deste domingo (01/07) em Cabo Verde, o MpD recuperou três municípios que antes estavam com o PAICV: Paul, Brava e Tarrafal de São Nicolau. No entanto, perdeu a importante câmara de Porto Novo, onde era dominante desde 1992.
O partido liderado por Carlos Veiga não conseguiu ganhar nenhuma câmara na ilha do Fogo. O PAICV conseguiu manter seu bastião em São Filipe, onde para governar, contudo, terá de coligar-se com o ainda presidente Eugénio Veiga, que abandonou aquele partido para se candidatar como independente.
Além de manter a câmara da capital, onde Ulisses Correia e Silva venceu com maioria qualificada, o MpD reteve a segunda mais importante autarquia do país, São Vicente. Para Carlos Veiga, líder do MpD, a votação é um aviso ao governo do primeiro-ministro, José Maria Neves.
"Tais resultados, em especial os das grandes cidades, devem também ser entendidos como um recado claro de descontentamento da população em relação ao PAICV, ao governo e ao seu líder. E como uma mensagem de manifesta insatisfação contra as mentiras, as promessas incumpridas, a demagogia e a irresponsabilidade ", disse Carlos Veiga.
A vitória em Porto Novo funcionou como consolação para o PAICV. O seu líder, José Maria Neves, reconheceu que o partido não conseguiu atingir o objetivo traçado. "Tendo ganho oito câmaras, faltando confirmar Santa Catarina de Santiago, claramente não atingimos os objetivos preconizados para estas eleições", disse.
Partidos menos representados
A UCID, a terceira maior força política do país, concorreu em cinco municípios, conseguiu eleger apenas dois vereadores em São Vicente, o que deixa o seu presidente, António Monteiro, triste. "Em nível nacional, pelos dados que temos, além de São Vicente, conseguimos eleger um deputado municipal no Sal, mas não conseguimos ter resultados satisfatórios noutras ilhas."
Depois de ter colocado o cargo à disposição, João do Rosário, presidente do PTS, partido sem representação parlamentar que concorreu em três conselhos, mas que não conseguiu eleger um único deputado municipal ou vereador, também se mostrou decepcionado. "Fizemos uma boa campanha, trouxemos boas ideias, inovação, mas infelizmente não foi suficiente", reconheceu.
Resultado controverso
Neste momento, a luta entre o MpD e o PAICV é pela Câmara Municipal de Santa Catarina de Santiago. Apesar da Direção Geral de Apoio ao Processo Eleitoral (DGAPE), ter recontado os votos e concluído que Francisco Tavares, do MpD, ganhou, o PAICV, pela voz do seu líder, reivindica a vitória.
"Todos os dados que nós temos até este momento garantem-nos a vitória do PAICV em Santa Catarina de Santiago. Os dados mostram claramente a vitória confirmada do PAICV com cinco vereadores contra quatro vereadores do Movimento para a Democracia", disse Neves.
Por seu lado, Carlos Veiga diz não ter dúvidas que a autarquia continua nas mãos do MpD. "As informações que fomos recolhendo durante a noite nunca deram a derrota do MpD. Nós estranhávamos, os resultados que apareciam no site da DGAPE davam-nos a nós uma vitória tangencial, é verdade, relativamente ao nosso adversário. Por isso, estamos preparados, sabemos que agora na apuração vai haver todo tipo de manobras, mas vamos estar lá bem representados e preparados para vermos a realidade."
Se a vitória for confirmada, o MpD manterá as três principais autarquias do país: Praia, São Vicente e Santa Catarina de Santiago, que juntas albergam quase a metade da população de Cabo Verde.
Autor: Nélio dos Santos (Cidade da Praia)
Edição: Francis França/Helena Ferro de Gouveia