Três forças políticas excluídas das autarquias culpam a CNE
15 de agosto de 2023Até ao último dia da submissão das candidaturas, a Comissão Nacional de Eleições (CNE) recebeu 22 candidaturas.
Onze partidos, três coligações de partidos políticos e oito grupos de cidadãos eleitores entregaram há tempo as suas candidaturas, cujo processo decorreu de 20 de julho à 11 de agosto.
Alguns partidos e grupos de cidadãos desistiram da corrida eleitoral. Uns entregaram já muito tarde as suas candidaturas. Como é o caso da Revolução Democrática (RD), o PODEMOS e a Associação Nova Matola-Rio, segundo explicou à imprensa o porta-voz da CNE, Paulo Cuinica
"Significa que não poderão concorrer das eleições autárquicas de 11 de outubro de 2023", garantiu Cuinica.
Em entrevista à DW, o presidente da Revolução Democrática, Vitano Singan, nega que o seu partido tenha chegado tarde à CNE.
"Não é justo mentir que a RD chegou tarde. Não é possível", disse o político, para quem a "questão política" é a única explicação para a recusa da candidatura do seu partido.
Por causa disso, o partido submeteu nesta segunda-feira (14.08), uma contestação junto à CNE. Mas Vitano garante que caso o órgão não aceda ao pedido, a RD vai recorrer ao Conselho Constitucional.
Corrupção
O PODEMOS se propunha a concorrer em 38 das 65 autarquias. Mas o seu desejo também caiu por terra.
O presidente do partido, Albino Forquilha, reconhece o atraso na submissão dos processos de candidatura junto à CNE por "inexperiência política".
Forquilha denuncia práticas de corrupção para a tramitação dos documentos de candidatura, principalmente o registo criminal. "Ficamos quase durante toda a primeira semana sem conseguir os registos criminais. Sem saber que a regra é corrupção", realça.
O político defende que a CNE deve ajudar os partidos políticos inexperientes, porque no seu entender "para quem quer apoiar este processo democrático penso que não havia razão para não receber aquele processo".
"Reconhecemos que estávamos atrasados uns minutos. Pensei que na deliberação iam abrir uma exceção, mas recusaram", opina Albino Forquilha.
Sem puder concorrer às autárquicas, o PODEMOS já está em contato com alguns partidos políticos que pretendem ter a sua ajudar nesta corrida eleitoral. Mas de acordo com Forquilha a decisão final só será anunciada no dia 02 de setembro, depois da realização da reunião central do partido.
Sabotagem interna
Composta por um grupo de cidadãos eleitores, a Associação Nova Matola-Rio, teve o processo de candidatura encalhado devido ao que consideram ser ato de sabotagem interna.
À DW, Filipe Amaral Amone, presidente da agremiação explica que três elementos se tinham comprometido entregar os seus registos criminais, mas desistiram da última hora.
"Trata-se de grandes amigos, pessoas que estavam connosco desde o primeiro momento. Muito longe de saber que os mesmos estavam corrompidos. Estavam próximos de nós como espiões para sabotar o projeto da Nova Matola-Rio", conta o líder da Associação.
Desiludido, Filipe Amone defende que participar das eleições autárquicas era uma aposta forte da associação, "(…) prontos perdemos uma batalha e não a guerra".
Daqui para frente, acrescenta Amone, a aposta da Associação "é continuar a trabalhar em prol do desenvolvimento sustentável, não só da Matola-Rio, mas em todos os distritos autárquicos da província de Maputo".
A Nova Matola-Rio vai analisar as propostas dos projetos políticos dos partidos concorrentes às autárquicas deste ano, para segundo garante Filipe Amone, "apoiar o melhor projeto para o desenvolvimento da Matola Rio", um dos 12 novos municípios, no país.