1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Moçambique: Que lições tirar das presidenciais na Zâmbia?

Leonel Matias (Maputo)
17 de agosto de 2021

Observadores moçambicanos nas eleições zambianas apontam várias lições que Maputo poderia tirar das presidenciais que elegeram o líder da oposição Hakainde Hichilema e destronou Edgar Lungu.

https://p.dw.com/p/3z6Ge
Foto: Patrick Mainhardt/AFP/Getty Images

Os observadores moçambicanos que estiveram presentes nas recentes eleições presidenciais zambianas, em que saiu vencedor o candidato do partido Unido para o Desenvolvimento Nacional, na oposição, Hakainde Hichilema, dão nota positiva à organização do escrutínio e consideram que Moçambique pode tirar várias lições daquele processo.

Fernando Gonçalves é o presidente do MISA-Moçambique, uma organização cívica da África Austral de defesa da liberdade de imprensa, e diz que a principal lição é a "seriedade".

"A primeira lição é a seriedade com que o processo foi dirigido, o profissionalismo da Comissão Nacional de Eleições e também a celeridade com que a contagem foi feita. Os resultados foram apresentados num prazo máximo de 72 horas e isto é muito importante para questões de transparência do processo", frisou Gonçalves à DW.

Sambia Luska | Oppositionskandidat | Hakainde Hichilema
Hakainde Hichilema, Presidente eleito da ZâmbiaFoto: Salim Dawood/AFP/Getty Images

"Trabalho independente"

A qualidade do trabalho dos órgãos eleitorais impressionou também o diretor do Centro para Democracia e Desenvolvimento, Adriano Nuvunga, que destacou que foi "um trabalho independente, imparcial e orientado para facilitar a vontade dos zambianos".

"O que nós vimos em primeiro lugar foi a maneira ordeira com que as instituições zambianas e os órgãos eleitorais em particular dirigiram o processo. Um sentido de serviço público e não servir a interesses político-partidários", avaliou.   

"Aqui em Moçambique fica-se 15-20 dias sem saber os resultados de uma província", observou Adriano Nuvunga.

Excessiva burocracia em Moçambique

Nos processos eleitorais moçambicanos, uma das queixas mais frequentes está relacionada com a alegada excessiva burocracia no processo de acreditação para a cobertura eleitoral.

Parlamentswahlen in Sambia
Apoaintes de Hichilema em LusakaFoto: Tsvangirayi Mukwazhi/AP/picture alliance

Fernando Gonçalves diz que na Zâmbia não constatou nenhum problema do género. "Não me foi apresentada nenhuma reclamação de que jornalistas tiveram o seu acesso ao processo eleitoral dificultado em função da lentidão ou da recusa da sua acreditação, nem para jornalistas nem para observadores. Portanto, eu acho que há aqui um exemplo a seguir", pontuou.

Durante as eleições, a oposição colocou fiscais em todas as mesas de voto e 24 horas depois do escrutínio já tinha concluída a contagem paralela de votos, indicou Adriano Nuvunga.

"A oposição esteve organizada, colocando pessoas motivadas nas mesas para fiscalizar, coisa que não se tem visto aqui [em Moçambique]. Ao nível da organização, os partidos no geral aqui em Moçambique são muito fracos", considerou o diretor do Centro para Democracia e Desenvolvimento em entrevista à DW.

A nova política na Zâmbia: Jovem, mulher, poderosa