Moçambique: As expetativas para 2023
29 de dezembro de 2022Para o dirigente da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO, na oposição), o ano que está prestes a findar foi péssimo.
Na opinião de Ossufo Momade, o Governo da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) não soube gerir o país, assolado por várias adversidades. O líder do principal partido da oposição moçambicana identificou como problemas maiores a insegurança causada pelo terrorismo em Cabo Delgado e as execuções sumárias protagonizadas pelos esquadrões da morte, "particularmente na cidade da Beira, onde, em uma semana, foram executadas mais de 20 pessoas," disse.
Combate efetivo da criminalidade
O opositor referiu igualmente a questão dos raptos e sequestros, apontando o envolvimento nestes crimes de agentes das forças de ordem.
"Durante estes factos, assistimos a um Governo sem soluções", concluiu.
No que toca ao escândalo das dívidas ocultas, o dirigente da RENAMO diz claramente qual é a sua expetativa para 2023: "Os moçambicanos aguardam a responsabilização do partido FRELIMO e do seu presidente [Filipe Nyusi] pelo dinheiro que receberam desta fraude financeira".
Organizar as eleições
Para o Movimento Democrático de Moçambique (MDM), o segundo maior partido da oposição, 2023 deve ser um ano de "soluções e não de lamentações", que são apanágio do Executivo da FRELIMO, disse o porta-voz Ismael Nhacucue.
"A primeira grande expetativa é o desfecho da Tabela Salarial Única", frisou.
Além disso, o MDM promete observar de perto a gestão do processo eleitoral. 2023 vai ser um ano de eleições autárquicas em Moçambique. Mas também "o desfecho do caso Manuel Chang e das dívidas ocultas" está na lista de expetativas do MDM.
Receio de agitação política
Ismael Nhacucue salienta que o seu partido quer respostas e ações concretas no que toca os lucros dos projetos de gás natural na bacia do Rovuma, que viram o início da exportação em novembro passado.
"O que é que o gás vai trazer para Moçambique, do ponto de vista de recursos adicionais, para fazer face às grandes batalhas que o país tem?", pergunta o porta-voz do MDM, que acrescenta: "Os outros desafios têm a ver com a questão da fome, pobreza e exclusão social", para mencionar apenas alguns.
Leonel Sapite, coordenador provincial do Centro para Democracia e Desenvolvimento (CDD) em Nampula, espera maior inclusão da juventude nos projetos do gás. Mas também prevê possíveis cenários de agitação política, tendo em conta as eleições e o agravamento do custo de vida.
Sapite explica que o envolvimento de muitos jovens na insurgência no norte do país se deve à falta de trabalho e perspetivas. "Por isso, é preciso que haja maior inclusão da juventude em cada programa que for criado", disse, numa alusão à distribuição de riquezas no país.