Mali expulsa diretor da divisão de direitos humanos da ONU
6 de fevereiro de 2023A decisão, anunciada em comunicado este domingo (05.02), surge após um discurso duramente criticado pela junta de uma defensora dos direitos humanos do Mali, que há 10 dias denunciou na ONU a situação de segurança no país e o envolvimento, segundo a ativista, dos novos aliados russos e do exército nacional em violações graves.
"Esta medida segue-se às ações desestabilizadoras e subversivas" do responsável da ONU Guillaume Ngefa-Atondoko Andali, diz o comunicado, lido na televisão nacional e assinada pelo porta-voz do governo, o coronel Abdoulaye Maiga.
"Por ocasião das várias sessões do Conselho de Segurança da ONU sobre o Mali, a ação do Sr. Andali consistiu em selecionar usurpadores que se arrogam o título de representantes da sociedade civil do Mali, ignorando as autoridades e as instituições nacionais", acrescenta o documento sobre a saída do país do responsável da República Democrática do Congo.
No documento acrescenta-se: "A parcialidade do Sr. Andali foi ainda mais evidente durante a última revisão do Conselho de Segurança da ONU sobre o Mali", dia da intervenção pela sociedade civil de Aminata Cheick Dicko.
Aminata Cheick Dicko discursou perante o Conselho de Segurança no dia 27 de janeiro, denunciando abusos das forças armadas do país e de mercenários russos, uma intervenção muito criticada pela junta no poder no Mali.
A Minusma foi criada em 2013 para ajudar a estabilizar um Estado ameaçado de colapso sob a ofensiva 'jihadista', proteger os civis, contribuir para o esforço de paz, ou defender os direitos humanos. Mas a situação de segurança no Mali tem continuado a piorar.
A junta militar no poder está a bloquear abertamente as investigações da Minusma sobre os direitos humanos e os abusos dos quais as forças malianas são regularmente acusadas.
No dia 27 de janeiro, o secretário-geral da ONU, António Guterres, defendeu num relatório apresentado no Conselho de Segurança que a atual situação da missão no Mali é "insustentável" sem um aumento do número de tropas no terreno, admitindo também um cenário de retirada total das tropas.
No mesmo dia, o Governo do Mali manifestou relutância em aumentar a dimensão e as capacidades da Minusma.