Mais de 60 pessoas morrem de bebida alcoólica tradicional
12 de janeiro de 2015A fatalidade começou na tarde da última sexta-feira (09.01), quando um grupo de pessoas regressava de uma cerimónia fúnebre. Chegado a casa, como é de costume na zona sul da província de Tete, foi servida uma bebida alcoólica de fabrico caseiro.
“A dona de uma barraca fabricou Phombe, trouxe aqui e começou a vender. Na vinda do cemitério houve muitas pessoas que beberam Phombe”, explicou Cristóvão Mário, uma testemunha ouvida pela DW África no local da tragédia. “O dono da casa onde houve o falecimento começou a pagar a bebida às pessoas. A partir das 23 horas [de sexta-feira] começaram a morrer algumas pessoas.”
Quase 150 pessoas diagnosticadas
"Tivemos 146 pacientes que deram entrada no centro de saúde de Chitima" a seguir ao consumo do Phombe, explicou Carla Mosse, diretora provincial da Saúde de Tete.
"Como o centro de saúde de Chitima tem uma capacidade limitada de espaço e meios de diagnóstico, fizemos a transferência de alguns doentes para o hospital rural de Songo", explicou.
Origem do veneno desconhecido
Ainda não é conhecida a origem do veneno que tirou a vida de cerca de meia centena de pessoas em Chitima. "Aqui em Tete não temos capacidade para fazer testes", disse Carla Mosse à DW África. "Todas as amostras de sangue e urina tiradas foram enviadas para Maputo. Neste momento ainda não temos os resultados."
Várias medidas estão a ser tomadas para que se evitem situações do género. Em Chitima, membros da Polícia de Moçambique (PRM) e agentes da saúde estão a interditar o fabrico de Phombe nos bairros locais.
"Reiteramos o nosso apelo ao não consumo de bebidas alcoólicas e principalmente esta de fabrico caseiro, que não foi testada por nenhum laboratório", apela a diretora provincial da Saúde de Tete.
Luto nacional em Moçambique
Na sequência da tragédia, o Governo moçambicano já decretou luto nacional de três dias a partir das 00h00 do dia 12 de janeiro. E foi enviada uma equipa de médicos chefiada pelo ministro da Saúde, Alexandre Manguele.
Em conversa com a DW África, Samuel Buanar, secretário permanente do Governo da Província de Tete, disse que, neste momento, as famílias necessitam de apoio moral e de produtos alimentícios.
Várias organizações da sociedade moçambicana juntaram-se em solidariedade para com as vítimas. Afonso Dhlakama, líder da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), o maior partido da oposição, também está em Tete para prestar o seu apoio junto das famílias enlutadas.