Madagáscar escolhe novo Presidente
6 de novembro de 2018Na reta final da campanha eleitoral para as presidenciais na quarta-feira (07.11), a DW África saiu às ruas da capital malgaxe, Antananarivo, para perguntar aos cidadãos o que pensam destas eleições. Muitos perderam a confiança no sistema político.
"Esta eleição é inútil", diz um morador de Antananarivo. "Já vi vários Presidentes que sucederam uns aos outros, todos eles fizeram grandes promessas, mas nenhum deles cumpriu. Estou desiludido. Por isso, não vou votar."
E há outros cidadãos que pensam o mesmo. "A situação de segurança é péssima e isso envenena o clima político e económico. A pobreza e a corrupção contribuem para sucessivas catástrofes", comenta outro eleitor.
O desencanto político é grande. E o país está num estado lastimável. Desde a independência da França, em 1960, Madagáscar não conseguiu libertar-se da pobreza extrema. Apesar de os últimos tempos terem sido relativamente pacíficos, sem registo de guerras civis, o Produto Interno Bruto (PIB) tem vindo continuamente a decrescer.
36 candidatos na corrida
São muito poucos os que acreditam que as eleições da próxima quarta-feira poderão trazer soluções para os gravíssimos problemas sociais do país. Ao mais alto cargo político do país concorrem 36 candidatos, incluindo vários ex-chefes de Estado e de Governo bem conhecidos do povo malgaxe.
"Esta eleição é a eleição do século", considera Marcus Schneider, chefe do escritório da Fundação política alemã Friedrich Ebert em Madagáscar. "Pela primeira vez na história do país", destaca o especialista, "concorrem quatro ex-presidentes e três ex-primeiros-ministros."
O atual Presidente é Hery Rajaonarimampianina, considerado o candidato com mais hipóteses de vencer. Mas também se diz que o antigo chefe de Estado Andry Rajoelina também tem boas oportunidades de ganhar. Ambos os candidatos prometem crescimento económico e melhorias no campo social.
Outro candidato com algumas hipóteses é Marc Ravalomanana, ex-Presidente que foi deposto por Rajoelina em 2009, através de um golpe de Estado.
Uma das campanhas mais caras do mundo
Além de promessas, os candidatos têm acima de tudo dinheiro. A campanha eleitoral em Madagáscar é uma das mais caras do mundo. Os candidatos investem rios de dinheiro para tentar convencer o eleitorado.
Segundo um estudo encomendado pela União Europeia (UE), elaborado na sequência das últimas eleições de 2013, um voto em Madagáscar foi mais caro do que um voto nos Estados Unidos, em termos de custos em propaganda eleitoral.
As eleições de 2018 provavelmente não ficarão atrás, segundo observadores. No final, deverá ser o orçamento dos candidatos que decidirá o resultado destas presidenciais, de acordo com um estudo da Fundação Friedrich Ebert.
Se nenhum dos candidatos conseguir atingir a maioria absoluta, terá de realizar-se uma segunda volta a 19 de dezembro.