1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

M23 exige dialogar com presidente Kabila

22 de novembro de 2012

A retoma do quotidiano em Goma continua lentamente, após a conquista da cidade pelos rebeldes do M23 na passada terça-feira (20.11).

https://p.dw.com/p/16oNA
Vianney Kazaram declared Goma to be under the control of M23, urging civil servants to return to work. EPA/TIM FRECCIA
Rebeldes do M23 em GomaFoto: picture-alliance/dpa

As populações, que não conseguiram fugir aos combates entre o exército regular e os rebeldes, estão traumatizadas e ao mesmo tempo devem enfrentar a fome que já atinge muitas famílias. A cidade de Goma parece agora literalmente com um campo de batalha: cadáveres, bombas e tanques nas ruas.

Para a população torna-se difícil enfrentar este quadro e retomar o seu quotidiano. Muitos elementos da população encaram este triste quadro com raiva, mas não podem fazer mais do que chorar e reclamar enquanto o seu dia a dia está completamente paralizado.

Paralelamente, os “novos senhores” da região tentam convencer os polícias e os soldados do exército governamental a se juntarem às fileiras da rebelião.

Ofensiva do M23 continua até que Kabila aceite negociar

Josep Kabila, Presidente da RDCongo
Josep Kabila, Presidente da RDCongoFoto: AP

Mas os combates prosseguem, nomeadamente em Saké, no nordeste da República Democrática do Congo, também ocupado na quarta-feira pelos rebeldes do M23. Para a rebelião, a ofensiva contra as forças governamentais vai continuar até que o Presidente Joseph Kabila aceite negociar.

As consequências dos últimos confrontos no leste da República Democrática do Congo estão bem presentes na região: o número de pessoas que conseguiu encontrar refúgio no maior campo de refugiados de Goma, aumentou considerávelmente: Agora são muitas pessoas que devem deslocar-se durante meses de um campo de refugiados para outro.

Espere Pakanie, um habitante da cidade evoca um provérbio africano para resumir a sua situação: “Quando a pessoa não consegue respirar tem que parar de correr”. Segundo Pakanie “algumas pessoas ainda conseguiram partir, mas nós, por causa da fome não vamos conseguir chegar a um outro campo... é muito longe”, concluiu.

Pakanie contou à repórter da DW África que na região os alimentos escasseiam e muitas pessoas morrem devido à fome. Esse quadro é ainda agravado pela falta de segurança. “Estamos no exterior do campo porque lá dentro os hangares estão todos cheios. A segurança é muito má e os polícias não estão aqui para nos proteger”.

M23 pede polícias e militares para entregarem as armas

No estádio de futebol de Goma, um grande número de pessoas respondeu ao apelo lançado pelo M23: num comunicado radiodifundido, a direção do movimento pediu aos militares e polícias, ainda presentes na cidade, para entregarem as suas armas.

Tenente-coronel Eric Makenzi, no estádio de Goma
Tenente-coronel Eric Makenzi, no estádio de GomaFoto: DW

O tenente-coronel do exército, Eric Makenzi, como muitos dos seus camaradas de armas não tiveram outra escolha senão reconhecer as novas autoridades militares. “Aplaudimos tal como fez a população”, disse Makenzi para acrescentar em seguida “não temos armas para levar a cabo uma resistência. E se continuarmos do lado do governo, ninguém sabe o que poderá acontecer?”.

Apesar dos apelos à calma, nacionais e internacionais, os rebeldes querem prosseguir com a ofensiva, exigem um diálogo direto com o presidente
congolês Joseph Kabila e ameaçam atacar a capital do país, Kinshasa.

Segundo o tenente-coronel Vienney Kazarama, porta-voz do M23 “se as pessoas não querem que Kabila continue a governar, elas têm o direito de escolher e eleger um outro presidente. Se a população disser não a Kabila vamos apoiar a população porque estamos ao serviço do povo. Se formos chamados vamos ajudar a população de Kinshasa".

Autora: Simone Schlindwein/António Rocha
Edição: Cristina Krippahl

M23 exige dialogar com presidente Kabila